São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Ocorrências caem pela metade

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A ação violenta de gangues de rua em Belém -cidade que foi considerada em 1993 e 1994 a capital das gangues- foi reduzida à metade nos últimos 18 meses.
A avaliação é da delegada Patrícia Miralha, da Data (Divisão de Atendimento ao Adolescente).
Dados da Data apontam que, em 1993, aconteceram em média duas mortes a cada fim-de-semana provocadas pelas gangues. Neste ano, não houve mais que dez mortes.
As polícias Civil e Militar e o Juizado da Criança e do Adolescente infiltraram agentes nas gangues, aumentaram o policiamento nos pontos de concentração, localizaram e prenderam líderes.
As causas mais comuns das mortes são as brigas entre gangues. Duas pessoas que morreram neste ano nem pertenciam a gangues, mas foram atingidas por balas perdidas.
"A gente não dá mole. Se outra gangue 'entra no setor' ou 'queima nossa parede', rola porrada", afirma L.F., 15, da gangue "Selva".
s motivos das brigas são sempre banais, como passar pelo bairro de outra gangue (entrar no setor) ou pichar uma parede já pichada por outro grupo (queimar).
As gangues se formam nos bairros e delas participam meninos, meninas, brancos, negros, ricos e pobres. A idade média é de 16 anos e os grupos variam de oito a até 300 integrantes, caso da "Van" (abreviação de vandalismo), tida como a maior gangue de Belém, ramificada em 5 bairros.
Para ser "considerado" é preciso passar por uma prova -geralmente uma boa briga ou uma pichação difícil em parede "inimiga" ou monumento público.
"Para as meninas, tem a curra", diz P.S., 17, da Van. Não acontece em todos os casos, nem em todas as gangues, mas vários adolescentes disseram que algumas meninas são estupradas por integrantes da gangue para serem aceitas.
A delegada Patrícia disse que já recebeu várias denúncias de estupro, mas "nunca nenhuma vítima foi até a delegacia".

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