São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996 |
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Gene Hackman leva sua vilania ao hospital
ELAINE GUERINI
Sua extensa galeria de vilões ganha mais um tipo abominável com "Extreme Measures", um thriller estrelado por Hugh Grant que estréia nesta sexta-feira nos EUA. No Brasil, o lançamento está previsto para janeiro. Depois de perseguir o Superman na pele de Lex Luthor, de encarnar o xerife corrupto de "Os Imperdoáveis" e de apavorar Sharon Stone em "Rápida e Mortal", Hackman vive agora um médico oportunista. Em nome do "progresso da ciência", usa um indigente em um experimento secreto. No filme, dirigido por Michael Apted (de "Nell" e "Nas Montanhas dos Gorilas"), Hackman divide as salas de um hospital de Nova York com Hugh Grant, que vive um médico bom-caráter. "Como o meu personagem quer encontrar a cura de uma doença, ele acha que isso justifica o ato de sacrificar uma vida", disse Hackman em entrevista exclusiva à Folha, concedida em um dos sets de filmagem de "Extreme Measures" em Toronto, no Canadá. O ator ainda foi escalado para o elenco de "The Chamber", baseado na obra de John Grisham, que estréia em 11 de outubro nos EUA. Pessoalmente, o ator não sustenta a imagem de durão criada nas telas. Fala devagar e diz que seu "único vício é o trabalho". "Se não estou filmando, passo o tempo pintando, desenhando ou esculpindo na minha casa no México." Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista. * Folha - O vilão é sempre o melhor papel? Gene Hackman - Eu acho que, depois de tantos anos, a câmera finalmente descobre o que você faz melhor. Se eu sempre sou escalado para esses papéis, é porque consigo passar a imagem de um cara durão, desumano. Eu não me incomodo. Os vilões são os personagens que mais mexem com o público. O mais engraçado é que o público continua me vendo como uma pessoa decente. Folha - Não pensa em fazer mais comédias, principalmente depois de sua atuação em "O Nome do Jogo" e "A Gaiola das Loucas"? Hackman - Adoraria receber mais convites para papéis engraçados. Mas acho que os produtores preferem que eu faça mesmo os "bad guys". Na verdade, não tenho gênero preferido. Quando a história é forte, densa, o ator sempre dá o seu melhor. Folha - O que o atraiu em "Extreme Measures"? Hackman - Eu decidi fazer o filme por duas razões. Primeiro porque já trabalhei com Michael Apted (em "Julgamento Final"). Outra coisa que me motivou foi atuar com Hugh Grant. Nem sempre você tem a chance de contracenar com alguém que ficou tão conhecido em tão pouco tempo e acho interessante observar o porquê dessa popularidade. Folha - Como você se preparou para as cenas na sala de emergência? O público vai ver algo parecido com a série "Plantão Médico"? Hackman - Eu fiz muita pesquisa, mas raramente o meu o personagem aparece na mesa de operação. O filme, porém, conta com muitas cenas do tipo "Plantão Médico". Existe tanto drama em uma sala de emergência que isso pode ser facilmente explorado na ficção. Mas o nosso hospital não tem envolvimento emocional entre médicos e pacientes. Tudo funciona como uma fábrica. Folha - Com toda a sua experiência, nunca pensou em dirigir? Hackman - Já pensei, mas desisti. Sei que poderia seguir os passos de Clint Eastwood que começou a carreira de ator na mesma época que eu. Mas percebi que não preciso disso. O Eastwood até me dirigiu em "Os Imperdoáveis" e isso não me incomodou. Se não foi um problema para ele, por que seria um problema para mim? Texto Anterior: Carrière define papel do diretor no cinema moderno Próximo Texto: Filme tenta mudar a imagem de Grant Índice |
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