São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996 |
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Arquitetura não rima com ditadura
CELSO FIORAVANTE
Segundo os catalães, arquitetura não rima com ditadura. É o que que mostra a exposição "Arquitetura Catalã na Era Democrática - 1977-1996", que o Centre d'Art Santa Mònica, no centro de Barcelona, realiza até o final deste mês. O ano de 1977 marca a redemocratização plena da Espanha, depois de 36 anos de governo do general Franscisco Franco (1892-1975), de 1939 até sua morte, e dois anos de transição. A mostra é composta por dezenas de painéis fotográficos, plantas baixas e maquetes de algumas das mais significativas realizações de arquitetos espanhóis e uns poucos estrangeiros na Catalunha. Embora essa nova arquitetura, colocada em prática em escolas, residências, portos, estações de trem e discotecas, devesse se caracterizar pela heterogeneidade e pelo respeito à diferença, características básicas democráticas, alguns pontos comuns são detectados na nova arquitetura catalã. Existe uma preocupação maior com a integração dos edifícios à tipologia arquitetônica da região (característica pós-pós-modernista); o vidro retorna como uma das principais matérias-primas (para melhor aproveitamento da luz e para calefação); as formas barrocas do arquiteto Gaudí e as linhas modernistas da escola Bauhaus são as grandes influências; o respeito à história local e ao cidadão orientam os novos projetos. Este último item se manifesta na reconstrução do Pavilhão Mies Van der Rohe, construído originalmente para a feira mundial de 1929, e reconstruído em 1986 por Solà-Morales, Ramos e Cirici; e na reurbanização da Praça Real, no centro da cidade, em que Federico Correa e Alfonso Milá restituíram os aspectos neoclássicos originais do lugar e ordenaram bancos, postes de iluminação e palmeiras para melhor utilização pública. Também foi suprimido o trânsito de veículos no local. Grande parte do alento arquitetônico da região nos anos 90 se deve às obras olímpicas de 1992, muito bem apresentadas na mostra e que reuniram ali grande parte dos mais importantes arquitetos do mundo, como o norte-americano Frank O. Gehry, o português Álvaro Siza e os espanhóis Santiago Calatrava, Oriol Bohigas, José Rafael Moneo e Oscar Tusquets. Texto Anterior: A arte é portadora da verdade permanente Próximo Texto: Václav Havel, uma homenagem à distância Índice |
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