São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Screaming Trees provam que grunge não é barulho

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Screaming Trees é uma espécie de "patinho feio" do grunge. Com 12 anos de carreira e seis discos lançados, conseguiram apenas dois hits menores.
O visual do grupo -dois de seus integrantes pesam mais de 80 kg -não ajuda, afastando os que procuram carinhas bonitas tipo Silverchair.
Não se engane, porém: este é um dos melhores da turma. Para além do grunge, os Trees têm a oferecer um som mais aberto, que incorpora psicodelia e melodias anos 60, e os vocais preciosos de Mark Lanegan.
Em seu sexto álbum, "Dust", seguem a receita dos anteriores, mas sempre com brilho.
Nos melhores momentos, Lanegan, os irmãos Van Conner (baixo) e Gary Lee Conner (guitarra), mais Barret Martin (bateria) soam como um cruzamento de Echo & The Bunnymen e Soundgarden.
A psicodelia dá as cartas em "Halo of Ashes", que tem até mesmo uma cítara aliviando a tensão das guitarras.
"Dying Days", que trata da morte de Kurt Cobain (amigo íntimo de Lanegan), começa com violões e mistério, para explodir nas guitarras mais típicas de Seattle.
Pearl Jam
A faixa tem participação especial do guitarrista Mike McCready, do Pearl Jam.
Outro momento emocionante é "Sworn And Broken", uma espécie de country com guitarras distorcidas. A faixa conquista pela melodia.
"Dime Western" ataca com som tribal, enquanto "Gospel Plow" traz um diálogo imperdível entre os vocais de Lanegan e a guitarra de Conner.
Há coisas descartáveis, como a lenta "Look at You" ou "Witness", que lembra o som do Black Sabbath. Mas não estragam o prazer de ouvir o grunge menos barelhento de que se tem notícia.

Disco: Dust
Grupo: Screaming Trees
Lançamento: Sony
Preço: R$ 18 (o CD, em média)

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