São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Moradores escondem cães à noite em casa no Pacaembu

Investigador é contratado para achar assassino

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Apavorados com a mortandade de cachorros na região, os moradores do Pacaembu, zona oeste de São Paulo, estão escondendo os animais dentro de casa.
Para se precaver de novos ataques do assassino misterioso, que já matou mais de 30 cães por envenenamento no bairro desde abril, vale até reformar o canil.
"Desde o dia em que colocamos a tela sobre a casinha dos cachorros, não teve mais nenhum envenenamento", diz o caseiro Ronaldo Souza Aguiar, 25, que cuida de uma casa na rua Bragança.
Em julho, foram mortos dois cães bóxer na casa. As evidências do crime apontam para o mesmo assassino dos outros cães do Pacaembu.
A carne foi cortada em tiras que continham veneno de rato, conhecido como "chumbinho". O material foi embrulhado em plástico e jogado por cima do muro da casa.
O veneno produz efeito em poucos minutos. Quase sempre é fatal.
Roberto Faria, 23, caseiro de uma casa onde foi assassinado um dobermann, há dez dias, também entrou na "neurose" que tomou conta dos moradores. "Logo que eu acordo, examino o quintal para procurar carne envenenada", diz.
O morador da Rua Atibaia Wanderley de Souza Silveira, 55, afirma que está recolhendo seus sete cães para dentro da casa, durante a noite. Quatro de seus cachorros foram assassinados este ano.
"Prefiro deixar eles dormindo na sala e nos quartos do que correr o risco de ter mais um animal morto por um louco", diz Silveira.
Vigilância
A estudante Juliana Pinheiro, 22, que teve três cães assassinados este mês, informa que os moradores estão se organizando para contratar novos seguranças particulares.
Os vigias da região dizem que não viram os criminosos jogando carne para dentro das casas.
"Já estou fazendo orçamentos com diversas empresas e devemos fechar com alguma nos próximos dias. Não é possível que ninguém tenha visto o assassino", reclama.
O detetive contratado pelos moradores para investigar a morte dos cães é um funcionário de uma delegacia da capital.
J.B.S., 29, que prefere não ser identificado, disse aos moradores que já descartou algumas hipóteses para a autoria dos crimes.
"O principal suspeito, um cara que morava na rua México e já foi indiciado por matar cachorros há alguns anos, está descartado, porque ele já se mudou do Pacaembu", diz Juliana.
Ela disse ainda que o detetive suspeita que o matador more no bairro. "É terrível saber que ele está perto de nós e não sabemos quem ele é", diz a garota.

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