São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Neocomunista pede renúncia de Ieltsin

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A oposição neocomunista ao presidente Boris Ieltsin, 65, pediu ontem que o líder russo renuncie se for considerado incapaz de ser operado por problemas de saúde.
Ao mesmo tempo em que foram divulgadas informações de que a saúde de Ieltsin piorou, o presidente da Duma (Câmara dos Deputados da Rússia), o neocomunista Guennadi Selezniov, disse que Ieltsin não poderia ter um estilo de vida que o obrigasse a evitar o estresse e o excesso de trabalho.
"A situação na Rússia é tal que ele não pode ter um cronograma de trabalho leve", afirmou.
O líder de seu partido, Guennadi Ziuganov, em visita a Estrasburgo (França) para a reunião do Conselho da Europa, disse que o presidente enganou seus eleitores.
"Foi uma falsificação. As eleições não foram justas", disse, referindo-se às declarações do médico que deve operar Ieltsin de que o presidente escondeu um infarto pouco antes do segundo turno das eleições presidenciais de julho.
50% de chance
O Kremlin negou ontem uma reportagem do jornal britânico "Financial Times" que dizia que Ieltsin tem apenas 50% de chance de sobreviver à operação no coração.
O jornal disse também que o presidente russo só consegue trabalhar 15 minutos por dia e que teve um derrame além do infarto.
Citando fontes médicas próximas ao Kremlin, a agência de notícias "Efe" seguiu a mesma linha e divulgou que o estado de saúde de Ieltsin piorou nos últimos dias.
"Provoca especial preocupação o fígado, que aumenta substancialmente o perigo de complicações", disse um funcionário.
Amanhã, médicos russos auxiliados por estrangeiros decidem se Ieltsin poderá ser operado e quando essa operação deverá ocorrer.
No fim-de-semana, o cirurgião Renat Aktchurin disse que a operação pode ser adiada para daqui a oito semanas ou até cancelada. Os preços das ações russas caíram 3% apenas com a informação.
Aktchurin deve receber os conselhos de seu antigo professor americano Michael DeBakey, que chegou ontem a Moscou. DeBakey, 88, é um dos pioneiros da operação de ponte de safena.
O líder dos neofascistas da Rússia, Vladimir Jirinovski, disse que o Kremlin já está preparando novas eleições para o ano que vem sem a presença de Ieltsin.
A informação teria origem nas recentes conversas entre o chefe de gabinete russo, Anatoli Tchubais, e especialistas americanos que assessoraram a campanha de Ieltsin.
Enquanto Ieltsin continuava internado no Hospital Clínico Central de Moscou, o seu opositor no Cáucaso, o líder tchetcheno, Zelimkhan Iandarbiev, 44, foi hospitalizado. Segundo o Kremlin, ele entrou no hospital justamente para não ir a Moscou, onde se encontraria com representantes russos.
Segundo um porta-voz rebelde, o escritor Iandarbiev teve intoxicação alimentar e já estava bem. Houve rumores de apendicite.

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