São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996 |
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FHC e Pitta
FERNANDO RODRIGUES Brasília - Quando José Serra ainda não era candidato a prefeito de São Paulo, o presidente Fernando Henrique Cardoso estava preocupado com o dia 3 de outubro."Se o Serra não sair candidato, estaremos todos condenados a votar na Erundina", disse FHC há alguns meses. Hoje, o presidente pensa de forma muito diferente. Serra saiu candidato. FHC votará nele no dia 3 de outubro. Mas a incerteza continua. Serra não se viabilizou. Pela lógica científica das pesquisas de opinião, deve haver um segundo turno entre Luiza Erundina (PT) e Celso Pitta (PPB, candidato de Paulo Maluf). Essa possibilidade -Erundina e Pitta no segundo turno- deixará o Palácio do Planalto em situação delicada. FHC ficará mudo. Pelo menos até o ponto em que consiga conter a sua compulsão por cometer atos falhos. O presidente não poderá honrar a sua intenção de votar em Erundina. Pelo menos, evitará dizer isso em público. Uma declaração de voto no PT melindraria ainda mais Maluf. Aumentariam as resistências dos malufistas à emenda da reeleição. Por outro lado, no Palácio do Planalto, ninguém cogita oferecer apoio explícito a Pitta. Seria ridículo para os tucanos pregar o voto no malufista depois de tantos ataques desfechados contra o atual prefeito. Além disso, é certo que Maluf desdenharia o apoio de FHC e dos tucanos em geral para o seu candidato num eventual segundo turno. Tudo estaria resolvido se José Serra passasse para o segundo turno. Só que isso é considerado difícil até mesmo por coordenadores tucanos. "Acho que está mais para o Pitta vencer no primeiro turno", disse ontem um dos mandachuvas da campanha tucana em São Paulo. FHC já votou em Maluf em 90, contra o candidato de Orestes Quércia ao governo paulista. Fez isso em silêncio. Agora, de novo, está condenado a votar na surdina. Texto Anterior: Cingapura, ano 409 Próximo Texto: O grande festim Índice |
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