São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996
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Jatene pede para deixar pasta; FHC recusa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de quase uma semana de especulações em torno de sua possível saíde do governo, o ministro Adib Jatene (Saúde) decidiu continuar no cargo.
A decisão foi tomada após encontro de cerca de uma hora com o presidente Fernando Henrique Cardoso no início da noite de ontem, no Palácio do Planalto.
"Apresentei meu pedido de demissão, e o presidente disse que isso era impensável a curto e a longo prazos", afirmou o ministro.
Jatene disse ter chegado à conclusão de que as críticas feitas a ele por FHC, na semana passada, não tinham "a conotação dada pela imprensa". Para ele, o presidente disse que não teve "a intenção nem a interpretação" de criticar os seus constantes pedidos de recursos para a saúde.
Depois de ouvir a explicação do presidente, Jatene aproveitou a reunião para pedir que o governo não permita que a pasta termine o ano em déficit, previsto em R$ 2,4 bilhões.
Desse total, cerca de R$ 850 milhões poderiam ser conseguidos com remanejamentos de verbas, de acordo com Jatene.
O R$ 1,5 bilhão restante ficaria a cargo do governo federal.
"Precisamos começar o ano sem dívidas para que a CPMF (imposto do cheque) possa representar um avanço para a saúde", afirmou.
Segundo Jatene, FHC chamou o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) para discutir possíveis fontes de recursos para evitar o déficit.
O próprio ministro da Saúde disse que o presidente não garantiu as verbas, mas prometeu empenho em buscá-las.
"Não posso dar um ultimato ao presidente. Isso seria ridículo. Eu tenho que colocar as dificuldades, e ele está empenhado em resolvê-las. Também não sou idiota de achar que o presidente tem que me dar garantias", disse Jatene.
O ministro aproveitou ainda para anunciar programas da saúde. Entre eles, uma campanha de combate à dengue e ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, a ser lançada em março de 97 em 2.000 municípios.
Mais cedo, o presidente Fernando Henrique Cardoso, questionado se a audiência com Jatene se destinava à entrega do cargo, afirmou: "Não vejo razão para isso, ao contrário. Ele está fazendo um trabalho muito bom".

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