São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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Presentear a si mesma vira "estratégia"
PAULO SAMPAIO
Para se autopromover, elas são capazes ainda de reutilizar mensagens de ex-namorados na secretária eletrônica, pichar muros, "receber" presentes, etc. "Os homens ficam irados quando vêem as flores", garante a assessora de marketing Patrícia Kotlinski, 25, que enviou rosas para si mesma quando estava noiva. "Meu noivo andou negligente comigo, tipo aprontando, e eu tive a idéia", conta. "Fui à floricultura e encomendei 38 rosas claras (a gente tinha se conhecido no dia 30 de agosto -mês 8)", lembra. "Escrevi eu mesma o cartão, com letra de homem (fôrma, meio corrida), dizendo como era importante aquela data etc." Quando as flores chegaram, Patrícia leu o cartão na frente dele, "emocionada". "Meu amor, não esperava que você fosse se lembrar do dia", ela disse para ele. "Que idéia genial, adorei." Patrícia conta que o noivo ficou um mês sem falar com ela. "Apesar da alusão à data, ele encasquetou que era trote de algum amante", lembra. "Mas quando voltou a falar comigo, estava dez vezes mais apaixonado. Deu certinho..." Replay na secretária A publicitária Vivian Tachian, 32, já usou o recurso das flores, mas prefere o do "replay" na secretária eletrônica. "É assim", ela explica. "Você recupera a mensagem de um namorado antigo (eu guardo os recados mais marcantes), regrava em outra fita e reposiciona para recebê-lo de novo." Para ficar mais "real", Vivian aconselha que se ligue para a melhor amiga e peça a ela que deixe um recado qualquer. "Na volta de um jantar, por exemplo, você entra em casa com o cara e encontra a luz da secretária piscando", conta. "É só apertar o 'play' e aguardar." Vivian diz que com ela sempre funcionou. "Homem gosta de competir", afirma. "É só ter outro na parada que a coisa esquenta." Letras no muro Para reaquecer o namoro, a relações públicas Claudina de Mello, 37, enviou flores e pichou um muro de um quarteirão com uma declaração de amor para ela mesma, em Lins (453 km a noroeste de SP). "Ficou parecendo que tinha alguém apaixonadíssimo por mim na cidade", lembra. Claudina estava no interior estudando letras. Ela namorava fazia um ano com um rapaz da cidade. "O namoro andava meio morno quando pensei em fazer a surpresa", diz. "Uma amiga me ajudou." "Acordei de madrugada e fui com ela até o lugar (bem no centro da cidade)." O "texto", ela tirou de uma música de Djavan. "Claudina: tens um verde profundo no olhar a me enlouquecer", escreveu. No dia seguinte, a declaração "anônima" repercutiu como uma bomba. O namorado de Claudina, que fazia odontologia, queria saber se o autor era da engenharia. "Havia uma rixa entre os meninos das duas faculdades, e a maior preocupação dele era isso." Claudina diz que jamais contou a verdade. "Namoramos mais dois anos, foi ótimo", diz. O namoro da publicitária Gisela Rao, 31, já estava ótimo, mas ela "sofria de ciúme obsessivo". Chegou a fazer terapia por isso, mas o que a curou de verdade foi receber de presente (dela mesma) um anel. "Meu namorado ficou intrigadíssimo", conta. "Quase que ele foi fazer terapia", lembra. Texto Anterior: Doente de câncer quer saber diagnóstico; Nutrição da doença de Chagas é analisada; Branqueadores dentais podem causar câncer; Encontro debaterá violência dos jovens; AACD vai inaugurar laboratório no dia 7; Enfermeiras se reúnem em congresso em SP; Livro tem esquemas para hidroginástica Próximo Texto: DEPOIMENTO Índice |
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