São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Consórcio Class muda plano para satélite

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O consórcio Class, formado pela Globo, Bradesco, Odebrecht, Monteiro Aranha, Victori Internacional e Matra (França), vai rever seu projeto de lançamento de três satélites privados.
Os seis acionistas do Class deverão se reunir na próxima semana para discutir que rumos darão ao projeto. Segundo informações do mercado, há, inclusive, a possibilidade de mudança na composição dos sócios.
O Class é hoje o único consórcio existente para lançamento de satélite. O grupo Itamarati, do empresário Olacyr de Moraes, que havia formado o consórcio Localsat, com o propósito de lançar um satélite próprio, desistiu do empreendimento.
Segundo o vice-presidente executivo do Bradesco, Dorival Bianchi, as perspectivas de mercado para satélites privados mudaram depois que o governo autorizou a entrada dos satélites norte-americanos Galaxy e Panamsat no país e que a Embratel assinou acordo para uso do argentino NahuelSat.
O Class estava ancorado no projeto de TV paga para miniparabólicas da Globo, que requer um sistema de transmissão de alta frequência (Banda Ku), não disponível nos Brasilsat, da Embratel.
O Galaxy e o Panamsat, com retransmissores em Banda Ku, foram autorizados em abril pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, e já estão sendo usados para transmitir a programação dos novos sistemas de TV paga via satélite, por miniparabólicas: DirecTV e Sky.
O DirecTV é um empreendimento dos grupos Abril, Hughes (EUA), Cisneros (Venezuela) e Multivision (México). O Sky é produto da associação entre os grupos Globo, News Corporation (Rupert Murdoch), TCI (EUA) e Televisa (México).
Além da entrada de satélites estrangeiros no mercado, que vai exigir uma mudança no projeto original do Class, há um segundo fator a ser avaliado pelos sócios: a nova política de concessões definida pelo governo.
O lançamento de satélites, a partir de agora, só poderá ser feito com pagamento de concessão. Segundo Bianchi, a concessão deveria ser gratuita, uma vez que não houve cobrança para autorização dos satélites estrangeiros.
João Santelli, diretor da Victori Internacional e ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério das Comunicações (de 1972 a 79), diz que vinha alertando o governo, desde 93, para o fato de que satélites estrangeiros acabariam entrando no mercado.
"A globalização não espera por ninguém", afirma Santelli.

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