São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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'Salsa e Merengue' mostra a ginga e a mediocridade da classe média

EDIANA BALLERONI
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MIAMI

São três da tarde e o sol está a pino em Miami, a mais caribenha cidade dos Estados Unidos. A equipe da novela "Salsa e Merengue", capitaneada pelo diretor Wolf Maya, deixa o hotel Sheraton Byscaine em direção a Cocowalk -o shopping center "mauricinho" de Coconut Grove, um dos bairros mais sofisticados da cidade.
Lá, Cristiana de Oliveira e Victor Fasano preparam-se para gravar algumas cenas da primeira novela do ator e escritor Miguel Falabella em parceria com Maria Carmem Barbosa.
"Quem estiver esperando uma comédia rasgada, daquelas de morrer de rir, vai se decepcionar. 'Salsa e Merengue' é um folhetim recheado de diálogos inteligentes e provocadores", garante Wolf Maya.
A trama da novela, que estréia amanhã às 19h na Globo, gira em torno de duas famílias -os Munhoz e os Amarante Paes.
A primeira, de classe média baixa, que luta para sobreviver, tem como matriarca a batalhadora Anabel (Arlete Salles).
Os Amarante Paes são milionários, mas vão perder toda sua fortuna antes do capítulo 100. Bárbara (Rosamaria Murtinho) é casada com Guilherme (Walmor Chagas). Eles têm um filho muito doente, Eugênio (Marcelo Antony, revelação da primeira fase de "O Rei do Gado").
A trajetória das duas famílias vai se entrelaçar de várias maneiras. Guilherme tem uma amante, Adriana (Cristiana Oliveira).
"Adriana não tem qualquer tipo de escrúpulo. É oportunista, quer subir na vida a qualquer custo. Foi educada pela mãe para acreditar que o amor não existe, que homens não prestam e que dinheiro é tudo o que importa." É assim que Cristiana Oliveira define sua personagem.
Adriana conseguirá separar Guilherme de Bárbara, mas irá se apaixonar por Valentim (Marcos Palmeira), filho de Anabel.
As famílias se conectam ainda através de Heitor Lobato (Victor Fasano), assessor de relações internacionais das empresas de Guilherme. Na verdade, Heitor trabalha para um misterioso "figurão" que vive em Miami.
Esse homem misterioso é o pai de Valentim e será o causador da ruína dos Amarante Paes. Dele, o telespectador só verá o anel e o charuto durante os primeiros cem capítulos.
"A novela mexe com o imaginário brasileiro e apresenta uma discussão muito contemporânea sobre valores éticos e dinheiro. Tudo com muito bom humor. O Miguel retrata muito bem essa mediocridade da classe média, ele é um cronista social fantástico", diz Maya.
Segundo o diretor, essa discussão é feita sempre sem maniqueísmos. "Todas as personagens têm defeitos e qualidades. Há sempre um olhar de carinho para com o defeito e de crítica em relação às virtudes", diz.
Nos primeiros capítulos aparece uma "chicana" cheia de ginga e malícia -o papel foi concebido tendo em mente a atriz Sônia Braga. "Falabella e eu gostamos muito da Sônia, mas as negociações para sua participação foram tão complicadas e desgastantes que acabamos desistindo e optando por Patricia Mario, uma atriz brasileira radicada em Miami", explica Wolf Maya.

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