São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Ações de estatais "eletrizam" as Bolsas

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Quer ganhar dinheiro nas Bolsas? Siga os passos dos gigantes e invista em ações do setor elétrico.
Se três megagrupos como Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa decidem unir forças para investir na geração e na distribuição de energia -como fizeram na semana passada, com a criação da superholding VBC Energia-, é porque a eletricidade deve ser um ótimo negócio.
Os céticos diriam que investir em usinas e malhas transmissoras é uma coisa, comprar ações de empresas elétricas é outra. Tudo bem, não fossem as Bolsas o caminho inevitável para a promissora privatização do setor -da qual a VBC, certamente, irá participar.
Duas estatais federais já foram privatizadas, a Excelsa e a Light. Outras virão, tamanha é a incapacidade do Estado para suprir os investimentos necessários para que o país não fique no escuro neste final de século.
Não é pouco dinheiro: segundo Marcelo Audi, diretor de pesquisas do Banco Patrimônio, o setor precisará de investimentos de US$ 31,3 bilhões (US$ 6,3 bilhões por ano) até o ano 2000. Mais da metade disso será canalizado para usinas geradoras.
Por trás dos números, Audi prevê um aumento do consumo de energia na ordem de 5% ao ano, que demandará um crescimento de 21% da capacidade geradora atual no país, incluindo Itaipu. Junte-se a tudo isso a recuperação tarifária do setor a partir de 1993 e a busca de eficiência e de maior competitividade das empresas após o Plano Real.
Daí o crescente interesse dos investidores, que estão de olho em ações de empresas como de Eletrobrás (holding federal, detentora de 55% da capacidade geradora de eletricidade no país), CPFL, Eletropaulo e Cesp (paulistas), Cerj (fluminense), Cemig (mineira), Copel (paranaense) e Coelba (baiana), entre outras.
Valorização
Um bom indicador da atratividade do setor elétrico é o IEE (Índice de Energia Elétrica), primeiro índice setorial do país, lançado em julho passado pela Bovespa.
Composto de nove ações de empresas energéticas com maior liquidez (disponibilidade para compra e venda), neste ano o IEE apresenta uma valorização superior à do Ibovespa, termômetro das ações mais negociadas na Bolsa.
E haja lucros: enquanto o Ibovespa subiu 50,24% no ano até sexta-feira passada, o IEE valorizou-se 59,52%. No mesmo período, o FGV-100, que mede as ações de segunda e terceira linhas, variou 4,34%. A inflação medida pelo IGP-M ficou em 7,99.
Segundo a Economática, a ação elétrica que mais se valorizou no período foi a CPFL PN, com 173,08%. Mais líquida, a CPFL ON subiu 98,09%.
A segunda mais rentável no ano é a Eletropaulo PNB, com 108,33%, seguida de Cerj ON, com 107,55% e Cemig ON, com 89,74%. As ações da Eletrobrás, de longe a mais líquida do setor, variaram 16,7% (PNB) e 5,56 (ON).
Recomendações
Como o passado não garante o futuro de uma ação, consulte um corretor especializado para descobrir quais opções do setor elétrico são as mais atrativas. As variações diárias de preço e de expectativas podem mudar o cenário individual de cada papel.
No relatório do Banco Patrimônio, divulgado no dia 12 de agosto, Marcelo Audi recomendava a compra ("buy") de Celesc PNB, Eletrobrás ON, Cemig PN, CPFL ON e Copel ON. Ele aconselhava o muro ("hold") nos casos de Light ON e Cesp PN. No último dia 17, o banco voltou a recomendar a compra de Cemig.
A empresa mineira apresentou um lucro de US$ 145 milhões no primeiro semestre, superando as expectativas de um resultado entre US$ 110 milhões a US$ 115 milhões.
O Bozano, Simonsen também elegeu a Cemig como a vedete do setor, ao lado da Copel. A analista do Bozano, Ana Cristina Barroso, a Tina, também disparou o "buy" neste mês para a Cesp e para a Celesc. Ela aconselhou o "hold" para Eletrobrás, CPFL e Light.
"O setor ganhou um charme imenso com a privatização", diz.

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