São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996 |
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'Bibi' e Arafat marcam cúpula para amanhã
IGOR GIELOW
O anúncio foi feito ontem pelo presidente Bill Clinton. "Precisamos recomeçar o processo de paz", disse o norte-americano se referindo à atual crise em Israel. Desde a quarta-feira passada, quando o governo israelense resolveu abrir a saída de um túnel sob áreas sagradas muçulmanas em Jerusalém, 65 pessoas morreram em Israel e nos territórios ocupados. As últimas mortes ocorreram na sexta-feira. Até então, a polícia palestina enfrentava soldados israelenses. No sábado, passou a conter grupos de manifestantes palestinos e chegou mesmo a colaborar com soldados israelenses na manutenção da ordem. Ontem, houve passeatas na faixa de Gaza e Cisjordânia ocupada, mas a polícia palestina não permitiu que manifestantes se aproximassem de militares e de assentamentos israelenses. Pequenos choques deixaram cinco feridos. Mubarak Mas há problemas que podem adiar a reunião, apurou a Folha junto ao comando palestino em Gaza. O principal se chama Hosni Mubarak, presidente do Egito. Inicialmente, Arafat queria o encontro no Cairo. "Bibi", como Netanyahu é apelidado, queria algo sem intermediários. Como os EUA entraram no jogo e ganharam o "mando de campo", Mubarak foi melindrado. O encontro prevê, de agente externo, apenas a presença do rei jordaniano Hussein. "Ainda temos que negociar a posição de Mubarak, que é essencial", disse um assessor de Arafat. Armas Outro problema apontado é a dureza do discurso de "Bibi" e seus assessores. Ontem, o principal assessor do premiê disse que há chance de a polícia palestina ser desarmada. "Não podemos correr o risco de ter as armas voltadas contra Israel", disse à Rádio Israel David Bar-Ilan. A afirmação foi considerada na ANP como "produto de consumo interno" para as alas mais radicais do direitista Likud, partido de "Bibi". Mas gerou reações na oposição trabalhista. Seu líder, o ex-premiê Shimon Peres, disse à Folha por meio de sua assessoria que os acordos de Oslo não podem ser mudados ou anulados. Os acordos, selados em 1993 e que deram início ao processo de paz, armaram os policiais da Autoridade Nacional Palestina -que hoje são cerca de 30 mil. Entrevistado pela rede norte-americana de TV CNN, Netanyahu moderou o tom e disse esperar o fim da violência no país, além da recondução do processo de paz. Pressão dos EUA Netanyahu, o mais jovem premiê dos 48 anos de história de Israel, vai chegar aos Estados Unidos com outro título: o mais mal-recebido pelos maiores aliados de seu país. As últimas atitudes de Netanyahu irritaram o presidente norte-americano Bill Clinton. Faltando poucas semanas para a eleição presidencial, com o adversário republicano Bob Dole subindo nas pesquisas, a última coisa que Clinton precisava era de uma crise em Israel. Afinal, Bill Clinton carrega os louros dos acordos realizados em 1993 entre Israel e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e em 1994, entre israelenses e jordanianos. LEIA MAIS sobre Oriente Médio na página seguinte Próximo Texto: Conflitos ferem cinco Índice |
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