São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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TUDO PELO SOCIAL

TUDO PELO SOCIAL
O bordão "

O bordão "tudo pelo social" ficou famoso no governo Sarney, ainda que tenha sido principalmente uma dessas armas de marketing político, devorada na prática pela superinflação do final dos anos 80.
Continua urgente resgatar a chamada dívida social. Ainda que as estatísticas venham revelando que houve progressos na redução da pobreza, é evidente que o quadro não será alterado a menos que haja uma grande onda de investimentos. E não apenas em infra-estrutura ou projetos "intensivos em mão-de-obra", mas em programas capazes de ensinar a pescar, mais do que dar um peixe.
Esse é o conceito subjacente às orientações mais recentes dos organismos multilaterais de apoio ao desenvolvimento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID. O anúncio, na última sexta-feira, de um apoio maior do organismo ao Plano de Metas do presidente FHC é portanto auspicioso.
Mesmo que os montantes a serem financiados ainda não estejam definidos, o importante na decisão do BID está não apenas no dinheiro, mas também na legitimação da opção pelos projetos com vocação social.
Durante muitos anos, especialmente durante a febre do endividamento externo, o governo brasileiro especializou-se nos chamados "grandes projetos", mamutes faraônicos cuja relevância se tentava então justificar com pseudoideais de "Brasil potência".
A atual ofensiva do governo brasileiro junto aos organismos internacionais, felizmente, encontra do outro lado instituições que incorporarão receituários como governabilidade, investimento educacional e fomento empresarial, em especial das micro e pequenas empresas.
A burocracia brasileira, portanto, forçosamente se reeduca também. Deixa cada vez mais os projetos, grandes ou pequenos, de infra-estrutura para o setor privado. E trata de fazer, senão tudo, ao menos cada vez mais o seu papel social.

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