São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997 |
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Elevar exportação é maior desafio de 97 GUSTAVO PATÚ VIVALDO DE SOUSA
O comportamento das exportações e a votação da emenda permitindo a reeleição dos governantes, inclusive daqueles atualmente no cargo, serão as duas principais variáveis no cenário econômico deste ano. Se as exportações crescerem em resposta à série de medidas de estímulo adotadas pelo governo, o déficit comercial pode ficar em patamares considerados suportáveis -até US$ 6 bilhões no ano. Pelo lado da reeleição, uma dúvida é quanto custará uma eventual aprovação da emenda, em gastos públicos, adiamento de decisões como a venda da Companhia Vale do Rio Doce ou atraso nas reformas constitucionais. A outra é qual seria o efeito de uma possível não-aprovação da emenda, em termos de investimentos externos e expectativas do mercado, que assumidamente torce pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Efeitos no cotidiano Os efeitos de um baque provocado pelo governo -leia-se Banco Central- no ritmo da economia afetam toda a sociedade. O ano de 95 foi um exemplo extremo: pessoas e empresas, que tomavam crédito para aumentar consumo e produção, tornaram-se inadimplentes com a alta dos juros. O calote, depois, comprometeu o sistema bancário. Pelos cenários traçados pelo governo, nada disso acontecerá: haverá um crescimento de 5% em 97, mas a consequente alta das importações não gerará um déficit comercial maior que US$ 5 bilhões ou US$ 6 bilhões. Marcelo Allain, diretor-adjunto do banco BMC, não acredita em freio na economia no curto prazo, mas acha que a médio prazo -a partir de junho- o governo pode adotar medidas para restringir a atividade econômica. Segundo avaliações reservadas da equipe econômica, a decisão de conter ou não a atividade econômica será tomada em abril. Explica-se: será possível medir a evolução das exportações da safra agrícola recém-colhida, que ficaram isentas do ICMS. "Reeleição não é panacéia" O debate sobre os custos da aprovação da reeleição ainda é incipiente. O governo já deu seguidas declarações afirmando que não porá em risco a estabilidade para alcançar esse objetivo. Promete-se, por exemplo, que a privatização da Vale -que tem peso simbólico para investidores nacionais e estrangeiros- não passará de março, embora políticos como o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), se oponham à medida. O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega avalia que a não-aprovação da reeleição "diminuiria a confiança dos investidores, aumentando as incertezas". Amaury Bier, chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, considera a aprovação importante porque demonstraria a capacidade do Executivo de influenciar o Legislativo. Mas não "é a panacéia para salvar o plano de estabilização". Déficit A consolidação do Plano Real depende, ainda, de drástica redução do déficit (diferença entre o que se arrecada e o que se gasta) público. Este será um dos principais alvos do governo em 97. "Essas variáveis são determinantes para a política fiscal. Uma decisão errada aqui pode dificultar um bom resultado", diz Pedro Parente, secretário-executivo do Ministério do Planejamento. Texto Anterior: Vaccarezza evita definição Próximo Texto: Economia terá temperatura alta em 97 Índice |
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