São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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Roseli reza nos treinos

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Roseli Machado, 26, disse que reza antes dos treinos, que costuma saudar o sol e agradecer a beleza da lua. É empolgada e "viaja" um pouco nas respostas.
Nega-se, por exemplo, a revelar o nome da cidade onde nasceu, optando pela adoção de Santana do Itararé, no Paraná. "Vivi lá. É minha cidade."
Começou a correr em 86, porque estava "meio revoltada" com a exploração de Portugal durante a colonização e com as vitórias da portuguesa Rosa Mota na São Silvestre.

*
Folha - Você estava convicta de que venceria?
Roseli - Treinei mais ou menos quatro meses em Campos do Jordão. Estava preparada para vencer. Um amigo até disse que eu tinha treinado como homem. Acredito muito em mim e acredito em Deus.
Folha - Essa convicção foi mantida durante a prova?
Roseli - Não é arrogância, mas sabia que ia ganhar. Não foi difícil.
Folha - Você sentiu problema nas pernas?
Roseli - Não. É o jeito mesmo. Parece que estou mancando, com problema. Sofri uma cirurgia no joelho esquerdo em 1990 e uma perna ficou um pouco mais curta do que a outra.
Folha - Foi a sua primeira São Silvestre?
Roseli - Sim. Nas outras vezes que me preparei, acabei adoecendo na véspera. Desta vez, deu tudo certo.
Folha - Vai descansar?
Roseli - Não. Sexta-feira devo viajar para Punta del Este, no Uruguai, para correr domingo (Corrida de San Fernando, 10 km). Depois vou para o Japão correr uma meia-maratona (21 km) no dia 19.
Folha - Qual é seu principal objetivo em 97?
Roseli - É melhorar as minhas marcas e ter uma boa participação no Mundial de Atenas, em agosto.
Folha - Como foi sua iniciação no atletismo?
Roseli - Eu estudava história do Brasil, colonização, e vi a exploração portuguesa do pau-brasil, ouro, das nossas riquezas. Depois vi as vitórias da portuguesa Rosa Mota (seis, de 81 a 86) na São Silvestre. Pensei em correr para que Portugal não continuasse levando o que era nosso. Foi por aí.

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