São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Analistas dizem sim às ações da Perdigão

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Se os analistas dos bancos de investimento estiverem certos, este será o ano da virada da Perdigão nas Bolsas de Valores.
As ações da empresa -segunda maior do país no setor de carnes processadas de aves e suínos, atrás da Sadia- podem decolar em 97 após mais de dois anos de marasmo nas Bolsas, prevêem analistas do Citibank, do Unibanco e do Boavista.
Esses bancos esperam que os lucros da Perdigão multipliquem-se como aves neste ano. Os motivos são a queda prevista dos preços dos insumos (milho e soja) e o contínuo aumento da produtividade da companhia, como reflexo do processo de reestruturação iniciado em 1994, quando foi comprada da família Brandalise por um "pool" de fundos de pensão.
Werner Müller Roger, especialista do Citibank, solta nesta semana um novo relatório sobre a Perdigão, recomendando a compra de suas ações.
A Perdigão lucrou US$ 33,3 milhões em 95 e patinou na primeira metade do ano passado. Pelo critério de correção monetária integral do balanço, a empresa fechou o primeiro semestre de 96 com prejuízo de US$ 1,4 milhão, mas reverteu o resultado para um lucro de US$ 392,5 mil até setembro, segundo a Economática.
Deve fechar o balanço de 96 com lucro líquido de US$ 12,6 milhões, prevê o analista do Citibank. O resultado deve subir para US$ 62,6 milhões em 97 e atingir US$ 71,7 milhões em 98, aposta Roger.
Melhor opção
"Este ano será muito melhor para o setor de alimentos como um todo. A Perdigão está capitalizada, recuperou participação de mercado e está modernizando seu parque industrial com um plano de investimentos de US$ 236 milhões até 98", justifica Roger.
O especialista Milton Cabral, do Unibanco, trabalha com uma perspectiva de lucro de US$ 8 milhões em 96, US$ 65 milhões neste ano e US$ 85 milhões no próximo, segundo o critério de legislação societária (balanço sem correção pela inflação).
"A Perdigão é a melhor opção do setor de alimentos nas Bolsas. Deverá ser a primeira a refletir a recuperação da rentabilidade num cenário favorável para o comportamento dos grãos em 97 e 98", afirma Cabral. Ele recomenda a compra do papel desde o final de outubro passado.
Foi um bom palpite: as ações preferenciais (sem direito a voto) da Perdigão valorizaram-se 24,2% no último trimestre do ano passado, segundo a consultoria Economática. No período, o Ibovespa, índice que mede as ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 9,2%. O FGV-100, termômetro das empresas de segunda e terceira linha, subiu 9,8%.
No acumulado do ano, Perdigão PN fechou em alta nominal de 36,41%, atrás do Ibovespa (63,76%) e à frente do FGV-100 (13,98%). Nos dois primeiros dias do ano, com o mercado fraco e influenciado pelas Bolsas externas, Perdigão PN recuou 7,5% para R$ 1,85 (US$ 1,78) -uma pechincha, se as previsões otimistas se concretizarem.
Para o Citibank, o papel tem forte potencial de valorização, podendo bater em US$ 3,21 em 97 ("target price"), segundo o relatório preliminar de Roger. Para o Unibanco, a ação poderá chegar a US$ 2,45 no longo prazo.
Insumos
Por trás dessas profecias, há previsões de quedas significativas nos custos da Perdigão. Coisa de 10% a 15% no segundo trimestre deste ano em relação ao último do ano passado, acredita Roger. O preço do milho, por exemplo, caiu 25% desde agosto e, com a safra deste ano, deve reduzir-se ainda mais. O farelo de soja, que está mais caro no Brasil que no exterior, também deve ficar mais barato neste ano.

E-mail: papeis@uol.com.br

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