São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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CD traduzido pode custar R$ 100 mil

HEINAR MARACY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem reclama da falta de bons títulos de CD-ROM em português no mercado não sabe o trabalho, o tempo e o dinheiro necessários para traduzir um software em inglês para o português.
"Traduzir não, localizar é o termo mais correto", diz Paulo Roque, presidente da Brasoft, uma das principais distribuidoras de programas de entretenimento e produtividade do país.
O termo localização significa que, além de todo o trabalho exigido pela tradução convencional, existe também a necessidade de contratar programadores especializados para "remontar" o programa em português.
Para complicar um pouco mais, surgiu essa tal de multimídia. Hoje os CD-ROMs mais vendidos vêm em pacotes com dois, quatro ou até seis CDs. Todos recheados de filmes, vozes de personagens, botões e letreiros animados.
Traduzir um desses joguinhos de RPG (Role Playing Game), que fazem crianças de todas as idades passar horas diante de um monitor, demanda muita mão-de-obra.
São necessárias uma equipe para tradução de manuais e embalagem, outra para dublagem dos personagens e mais uma para traduzir os comandos do programa e fazer com que ele continue funcionando.
Custos
A localização de um título multimídia pode custar de R$ 30 mil até R$ 100 mil, dependendo de sua quantidade de texto e diálogos.
Parece que o mercado de títulos em português está chegando ao seu "break even point", o ponto em que a demanda compensa o investimento.
Segundo cálculos das empresas do ramo, é preciso vender 10 mil cópias de um CD-ROM para pagar o custo de sua localização e promoção.
"Um bom título multimídia em português tem uma venda mais constante", diz Paulo Roque. Ele cita o caso do game "Full Throttle", da LucasArts, um dos grandes sucessos da Brasoft.
Lançado há um ano e meio, "Full Throttle" continua vendendo bem. "O comportamento normal é um título estourar durante dois ou três meses e depois despencar para o anonimato porque virou jogo velho", diz Roque.
Nicho de mercado
Muitos estúdios de dublagem estão abrindo seus departamentos de multimídia para atender a um mercado que começa a absorver esse tipo de investimento.
A Delart, que tem a dublagem de vários filmes da Disney em seu currículo, é um deles. Sua última missão foi dublar "Os Muppets - A Ilha do Tesouro" para a distribuidora MSD.
"Foi um trabalho complexo, com todo o rigor e exigência da dublagem de um filme para o cinema ou para a televisão, contando com os mesmos dubladores dos personagens na TV", diz Pádua Moreira, diretor artístico da Delart.
Segundo ele, além disso, há uma complicação que é a não-linearidade do CD-ROM.
"Enquanto o filme é uma história linear, o CD é entrecortado por jogos, atividades e respostas diferentes que dão o toque de interatividade, mas quebram o pique da dublagem", diz Moreira.

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