São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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BC anuncia captação recorde da poupança

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As cadernetas de poupança receberam R$ 4,289 bilhões em dezembro último. Segundo a área técnica do Banco Central, essa foi a maior captação líquida da história.
Desde a implantação do Plano Real, a maior captação havia sido registrada em dezembro de 95, quando os depósitos superaram os saques em R$ 2,685 bilhões.
O 13º salário foi um dos fatores que pesaram no aumento dos depósitos, mas não o principal. A captação recorde se deve, sobretudo, aos maiores rendimentos da aplicação no final de 96.
Os aplicadores também migraram para a poupança devido à expectativa do início da cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Se vista pelo desempenho global do ano, entretanto, a poupança não teve um desempenho tão bom assim. Os saques superaram os depósitos em R$ 1 bilhão.
Durante a maior parte de 96, os aplicadores mais tiraram dinheiro da poupança do que colocaram. Até setembro, os saques chegaram a superar os depósitos em R$ 6,550 bilhões.
O quadro só mudou em outubro, com a vigência de um novo redutor da TR (Taxa Referencial. Na prática, ele ampliou o rendimento da poupança. Teoricamente, quanto menor esse redutor, maiores os rendimentos da caderneta.
Em outubro, o redutor da TR foi fixado em 1,05% e, no mês seguinte, caiu para 0,95%. Em dezembro atingiu o nível mais baixo, ficando em 0,85%.
Na prática, a queda do redutor provocou o crescimento dos rendimentos. Depósitos com vencimento no dia 3 de janeiro, por exemplo, receberam remuneração de 1,3684%.
Esse rendimento inflado, entretanto, não deve se repetir a partir de janeiro. Isso porque o governo inverteu o ritmo do redutor da TR, que vai aumentar.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Francisco Lopes, anunciou para janeiro um redutor de 0,97% para a TR.
Em fevereiro, o redutor sofre ligeira redução, para 0,96%. Nos meses seguinte, até junho, permanece em 0,95%.
Na prática, significa que os rendimentos da poupança sofrem queda a partir de janeiro. Nos meses seguinte, devem manter estabilidade, se os juros de todo o mercado não mudarem.
Para o BC, não deve haver queda nos depósitos em poupança em janeiro, apesar da queda do rendimento. O ingresso de recursos deve se manter constante em decorrência da vigência da CPMF.
É esperada uma migração natural dos CDBs para a poupança, que já se verificou em dezembro. Isso porque a poupança pode ser renovada mensalmente, sem a necessidade de pagamento do tributo.

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