São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997 |
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Velha guarda
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Aí já se percebe a tradição à qual ele se filia: a de compositores de morro -Paulo da Portela, Cartola, Nelson Cavaquinho- e cantoras-sambistas -Elizeth, Clementina de Jesus-, que flui a Paulinho da Viola e deságua em Clara Nunes, intérprete de suas canções "O Mar Serenou", "Sindorerê". Nos 80 e 90, Candeia gozou surto de redescoberta, pelas mãos sedentas em se filiar à tradição de Marisa Monte, que em 89 regravou "Preciso Me Encontrar". Os CDs "Filosofia do Samba" e "Samba de Roda", produzidos na primeira metade dos 70 -a ABW exclui qualquer informação sobre as gravações originais-, são mostruários do peculiar samba de raiz produzido e cantado na Portela. O antológico "Filosofia do Samba" pode ser resumido pela faixa-título (celebrizada por Paulinho da Viola em 71). É samba melódico e repleto de sabedoria ("Cego é quem vê só onde a vista alcança", diz), que se faz peça de resistência, no pós-tropicalismo, da arte à antiga da Portela. "Vem É Lua" é já ciranda daquelas que fariam a fama de Clara Nunes. Abre alas para "Samba de Roda", em que Candeia renuncia à pureza portelense e estabelece histórico catálogo de maculelês, partidos altos, rodas de capoeira e motivos folclóricos da Bahia. Soldado da PM na juventude (em 67, levou três tiros e ficou paralítico), morreu aos 43 anos, de infecção renal, deixando seis discos gravados. A modernidade dos 80 encarregou-se de turvar com presteza a lembrança de seus sambas. Mas ainda há quem os lembre. Discos: Samba de Roda e Filosofia do Samba Artista: Candeia Lançamento: ABW Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Eddie Murphy é eleito ator do ano por sociedade de críticos Próximo Texto: Altemar Dutra Índice |
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