São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Pressão da família Sarney faz PFL recuar

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ameaça da família Sarney de boicotar a emenda que pode permitir a reeleição -se governadores e prefeitos também não forem beneficiados- obrigou o presidente Fernando Henrique Cardoso e os partidos aliados a começar a trabalhar pela chance de um segundo mandato não apenas para presidente.
"Se não for garantida a reeleição para todos, vamos votar contra no segundo turno", afirmou o deputado Sarney Filho (PFL-MA) logo cedo, interessado na possibilidade de reeleição da irmã, Roseana Sarney, governadora do Maranhão.
"Reeleição só para presidente caracteriza um casuísmo inaceitável", insistiu Sarney Filho até arrancar o compromisso do partido de buscar os 308 votos necessários para que os atuais governadores e prefeitos também possam disputar a eleição de 1998.
Na véspera, o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), havia dito que a reeleição só estava garantida para o presidente da República, segundo a contabilidade governista.
Mudança
Ontem, Inocêncio mudou sua ênfase. "Meu alerta foi bom porque mobilizou governadores e prefeitos", disse o líder.
Inocêncio havia expressado uma impressão generalizada do comando político governista, que agora terá de ser revertida com o apoio explícito de FHC.
Depois de se reunir com dirigentes pefelistas e ouvir o relato da ameaça dos Sarney, o presidente pregou: "Reeleição é para todos".
"As chances são menores, mas vamos trabalhar: uma decisão histórica como essa não pode ficar maculada com a pecha de casuísta e, nesse caso, ficaria", avaliou o autor da emenda da reeleição, deputado Mendonça Filho (PFL-PE).
O presidente licenciado do PFL e embaixador do Brasil em Portugal, Jorge Bornhausen, avaliou ontem que as dificuldades para aprovar a reeleição para governadores são maiores no Senado, onde a emenda deve ser debatida e votada a partir de fevereiro.
Em tese, essa Casa abriga o maior número de interessados na disputa dos governos estaduais em 1998. A reeleição poderia atrapalhar os planos de vários senadores.
Consulta popular
Segundo o presidente do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho (AL), haverá caravanas de prefeitos a Brasília, na próxima semana, em defesa da reeleição.
O empenho do governo não será o mesmo para aprovar a realização de um referendo popular à reeleição -uma exigência feita por alguns parlamentares aliados ao Planalto.
Na busca de votos para aprovar a reeleição, o líder Inocêncio Oliveira disse que defenderá o debate do referendo em plenário, mas não os votos para aprovar a proposta.
Durante a reunião com a cúpula do PFL, FHC chegou a dizer que era a favor do referendo. Mas o PFL interpretou a declaração como brincadeira.
"O PFL é que é contra", reagiu imediatamente o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), rindo.
Resistência
A menos de uma semana do início da votação da emenda, as cúpulas dos dois principais aliados da reeleição de FHC -PFL e PSDB- foram ontem ao Palácio do Planalto prometer votos à emenda.
O gesto dos pefelistas e tucanos pretende atenuar uma eventual resistência do PMDB, na convenção de domingo.

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