São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997 |
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A enchente da reeleição
JANIO DE FREITAS Até a tragédia das chuvas em Minas foi motivo para Fernando Henrique Cardoso convidar os deputados mineiros para uma reunião no Planalto, havida ontem e justamente em seguida à captação de indícios, provenientes da bancada estadual, contrários ao projeto de reeleição e capazes de manifestar-se já na convenção em que, domingo, o PMDB discutirá a posição partidária.Este e outros sobressaltos presidenciais não negam as probabilidades mais favoráveis à aprovação, mas ressaltam uma necessidade que não está sendo atendida por quem deve fazê-lo. Ei-la: se, na contagem dos votos pró e contra a reeleição, tudo já está tão decidido e assegurado quanto proclamam certas manchetes e políticos governistas, tal certeza precisa também servir ao distinto público explicações convincentes para a intensidade e as dimensões da operação, liderada em pessoa por Fernando Henrique, para adquirir apoios ao projeto reeleitoral. A tendência mais atribuída por parlamentares à convenção peemedebista continua sendo a de deixar em aberto, ou seja, a critério pessoal ou pe$$oal, o voto de cada peemedebista no projeto de reeleição. A confirmação da tendência, porém, só em parte tranquilizaria os reeleitoreiros. Há favoráveis à questão aberta tanto entre apoiadores como nos contrários à reeleição, o que impediria uma avaliação correta das posições em geral. Também a convenção do PMDB, portanto, tem uma zona de nebulosidade que, também sem negar as probabilidades mais favoráveis a Fernando Henrique, não se explica nas certezas que os reeleitoreiros difundem. Ao menos isso Em contraste com a permanência do governador Eduardo Azeredo e do vice-governador Mares Guias em férias no exterior, enquanto Minas acumula mortes e destruição, cresceu o número de penitenciárias mineiras cujos detentos doaram refeições suas aos desabrigados. Há nisso uma clara sugestão aos eleitores mineiros: exigir dos seus governantes futuros a posse de qualidades humanitárias ao menos iguais às dos presidiários. Cirandeiros Informa-se que o governo vai mesmo isentar da CPMF, o imposto para a Saúde, o dinheiro que seja aplicado em Bolsas de Valores, seja nacional ou estrangeiro. O dinheiro que seja movimentado para investimento numa fábrica, que dê empregos e aumento de produção, este pagará a CPMF. Ainda se tornará indiscutível que o governo não é governo, mas uma parte da ciranda financeira. Texto Anterior: Planalto é alvo de "romaria" Próximo Texto: Maluf vence e PPB decide ir ao STF contra convocação Índice |
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