São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Masp 50 anos

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) chega em 97 ao seu cinquentenário e convida alguns dos artistas mais ilustres da história da arte para a festa: Michelangelo, Claude Monet, Cândido Portinari, Giorgio Morandi, Fernando Botero e Alexander Rodchenko, entre outros.
São eles os protagonistas das principais mostras de comemoração dos 50 anos do mais importante museu da América Latina.
O primeiro a chegar é o pintor metafísico italiano Giorgio Morandi (1890-1964), célebre por suas naturezas-mortas com jarros e garrafas. Morandi vem com um presente e tanto: mais de 60 obras cedidas pelo museu Morandi, em Bolonha, cidade natal do artista. "É a melhor seleção possível", diz com entusiasmo Luiz Marques, o curador-chefe do Masp (veja os destaques deste ano na programação no Masp em quadro à esq.).
O convidado mais aguardado, porém, só chega em setembro. É o pintor e escultor renascentista italiano Michelangelo Bounarroti (1475-1564). O grande destaque entre os cerca de 60 itens da mostra "Michelangelo entre Florença e Roma" serão os 21 desenhos originais do artista, que pela primeira vez atravessam a linha do Equador e param no hemisfério Sul.
Outro ótimo presente foi anunciado nesta semana. É a mostra "Obras-Primas do Renascimento e do Barroco da Coleção dos Príncipes Corsini de Florença", que trará ao país 27 telas de artistas como Botticelli, Veronese, Signorelli e Luca Giordano. Os Corsini formavam uma família muito poderosa de comerciantes que atingiu seu auge econômico no século 17. A data da mostra ainda deve ser definida.
Luiz Marques explica a presença de tantos italianos. "Existe um fator inevitável: sou especialista em arte italiana e isso faz com que essas alternativas se apresentem de maneira mais frequente."
Vale lembrar que Marques é o curador da mostra "Arte Italiana em Coleções Brasileiras", que está em cartaz no museu até 26 de janeiro e reúne 250 obras, entre pinturas, esculturas, desenhos e cerâmicas, realizadas entre 1250 e 1950.
Além das três mostras italianas, o curador ressalta outras três como grandes eventos do cinquentenário: Portinari, Monet e Botero.
O pintor modernista brasileiro Cândido Portinari (1903-1962) terá a honra de apagar as velinhas. A megaexposição do artista de Brodósqui, com cerca de 300 obras, será inaugurada para convidados em 2 de outubro, aniversário do museu. A exposição marca ainda o lançamento de seu catálogo "raisonnée" em oito volumes, que reúne documentação sobre todos os seus cerca de 4,6 mil trabalhos.
Mas o catálogo "raisonnée" de Portinari não será o único. O Masp pretende lançar na mesma data seu próprio catálogo completo, em quatro volumes. Também será lançada uma versão reduzida, em um volume apenas.
"Estamos trabalhando nesses catálogos desde 1995. O material sobre arte italiana já está totalmente preparado. A parte francesa está muito avançada. Acredito que dê tempo", disse Luiz Marques.
O museu aproveita seu cinquentenário para brindar os visitantes com uma mostra do impressionista Claude Monet (1840-1926), com cerca de 50 obras do museu Marmottan, em Paris.
O cinquentenário pode ainda ser enriquecido com uma mostra de Serge Poliakoff (1906-1969). "Estou tentando fazer uma mostra do artista, mas procuro patrocinador. É um sonho ainda. Gostaria de fortalecer o modernismo neste ano, embora já tenhamos o Botero e o Morandi", disse Marques.
O Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 251-5644) abre de terça a domingo, das 11h às 18h. Às quintas, a entrada é franca e o horário é prorrogado até as 20h. Nos outros dias, a entrada custa R$ 6.

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