São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Jornalista japonês pode ser expulso

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O jornalista japonês Hitomi Tsuyoshi, que anteontem conseguiu entrar na casa do embaixador do Japão ocupada por guerrilheiros em Lima, pode ser expulso do Peru.
Tsuyoshi é correspondente da TV Asahi em Nova York. Às 15h de anteontem, ele conseguiu entrar no local onde guerrilheiros do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) mantêm 74 reféns desde 17 de dezembro.
Acompanhado por um tradutor peruano, Victor Borja, o jornalista ficou cerca de duas horas dentro da casa. Eles haviam entrado por uma casa vizinha. Ao sair, foram presos pela Polícia Nacional.
Foram encaminhados para interrogatório na Dincote (Direção Nacional Contra o Terrorismo), onde permaneciam detidos até as 15h (18h em Brasília) de ontem.
A polícia apreendeu suas fitas de vídeo e áudio. Também teria sido apreendida mensagem escrita do líder do MRTA, Nestor Cerpa Cartolini, o que não foi confirmado.
A prisão dividiu opiniões. Parlamentares e ministros do governo peruano criticaram a ação do jornalista, afirmando que a vida dos reféns foi posta em risco -assim como as negociações. O governo japonês endossou a crítica.
Para a Associação de Imprensa Estrangeira, porém, o jornalista e seu tradutor estavam apenas cumprindo sua função profissional. Diversos jornais de Lima apoiaram Tsuyoshi em editoriais.
Segundo a Folha apurou, o governo peruano pediu para o Japão levantar a ficha criminal de Tsuyoshi. O objetivo é saber se ele tem conexão com o grupo esquerdista japonês Exército Vermelho e tentar expulsar o jornalista.
O caso foi o segundo desde o começo da crise. Em 31 de dezembro, um jornalista japonês forçou a entrada na casa quando eram feitas imagens externas do local.
Fujimori
O presidente peruano, Alberto Fujimori, afirmou ontem em uma entrevista à rede CNN que as negociações com o MRTA serão retomadas "no momento mais favorável". Desde a sexta-feira retrasada não há conversas diretas entre o governo e os rebeldes. Fujimori disse também que não descarta uma saída militar, caso ocorra "algum atentado contra a integridade física dos reféns".
O embaixador do Brasil no Peru, Carlos Luiz Coutinho, retornou ontem a Lima. Ele estava no Equador. Coutinho passou três dias como refém do MRTA.

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