São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Arte-coletiva de mulheres vem da Alemanha ao Brasil

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de inaugurar em Berlim, em maio de 96, e seguir em julho, para Dresden, a exposição "Organicus", só de mulheres, chega ao Brasil via João Pessoa. A coletiva, composta de obras oito artistas brasileiras, organizada pela curadora Tereza de Arruda, abre hoje, dia 10, no Centro de Artes Visuais Tambiá e, no dia 2 de março, em São Paulo, chega à galeria Valu Oria.
"Organicus" é a concretização do projeto de intercâmbio idealizado pela curadora brasileira. Residente em Berlim há sete anos, onde chegou para estudar história da arte, ficou, e hoje trabalha em vários projetos artísticos, Arruda quer, com distanciamento crítico, entender melhor nossa própria arte.
Enquanto tenta fortalecer a presença das artes brasileiras na Alemanha, trabalhando em novos espaços, como o Instituto Cultural Brasileiro, recém-inaugurado em Berlim, vasculha o Brasil em viagens frequentes, tentando encontrar linguagens interessantes em todos os cantos e interiores do país.
Nessa mostra, Arruda escolheu apenas mulheres, pela exigência da galeria Dresden, que não inclui homens artistas. Em compensação, reuniu uma amostragem de linguagens de arte contemporânea brasileira das mais variadas.
Escolheu a goiana Shirley Paes Leme, as paulistanas Renata Barros e Anarrê Smith, a experiente Amélia Toledo, a carioca Cristina Canale, as paraibanas Marlene Almeida e Rosilda Sá e a gaúcha Karin Schneider.
Leia trechos da entrevista de Tereza de Arruda.
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Folha - Por que "Organicus"? Você considera a organicidade uma grande tendência da arte contemporânea brasileira?
Arruda - Não exatamente. Na arte brasileira, a questão orgânica é apenas um corte, uma tendência. Escolhi esse tema pois, no Brasil, ele vai além de uma tendência internacional dos anos 90. Está enraizado na tradição artística do país.
A utilização de elementos orgânicos, provenientes da natureza como instrumento artístico difere muito de região a região do Brasil.
Folha - A mostra foi realizada em Berlim junto com um debate na Casa das Culturas do Mundo sobre arte brasileira contemporânea. O que se concluiu?
Arruda - A arte brasileira contemporânea hoje começa a sair do rótulo de arte latino-americana. Perde o tom exótico e ganha uma abertura para a internacionalização.
A enorme diversidade com que as oito artistas trataram o tema orgânico são um exemplo da riqueza e da sofisticação da arte atual no Brasil.

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