São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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A questão é: vai agradar a geração X?

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Vinte anos depois do lançamento do primeiro filme da trilogia "Guerra nas Estrelas", será que a força ainda está suficientemente com o público para fazer de sua versão retocada um novo sucesso a partir do final deste mês?
A julgar pelo interesse que a novidade está despertando nos meios de comunicação dos EUA e pela ânsia com que novos produtos baseados nos personagens de George Lucas estão sendo produzidos para estarem à disposição dos compradores a partir do dia 31, sim.
A genial ficção científica, que junta elementos de romance popular barato, tecnologia futurista e ética conservadora, já vendeu US$ 3,3 bilhões em diversos tipos de produto (vídeo, CD-ROM, boneco). Só em bilheteria, o filme de Lucas rendeu US$ 1,3 bilhão no mundo todo.
Pelo menos os norte-americanos e talvez a maioria dos humanos parecem continuar precisando de quem lhes reassegure, de novo e de novo, de preferência com muito movimento e ação, que o bem é mais poderoso que o mal, que qualquer um pode alcançar a liberação eterna.
É isso o que "Guerra nas Estrelas" continua a lhes oferecer: o velho e confortante moralismo numa embalagem de entretenimento de classe. A questão agora é só uma: será que a geração X e suas sucessoras também vão achar graça e se deixar inspirar por esse pacote que entusiasmou seus pais e tios?
Alguns ídolos dos "baby-boomers" conseguiram atrair seus filhos, como os Beatles. George Lucas vai entrar na lista com as ligeiras modificações (quatro minutos e meio de novos efeitos visuais e imagens recombinadas digitalmente ao preço de US$ 11 milhões, alegremente pagos pela Fox) que fez em seu original e, mais importante, com a "prelogia" que estreará em 1999 (quando dirigirá seu primeiro filme em 22 anos)?
Com certeza, os pais vão querer levar seus filhos ao cinema para verem a "mágica" operar. Mas a reação deles é incerta. Os promotores da nova edição contam com o caráter atemporal da filosofia de "Guerra nas Estrelas". Mas pode ser que o seu apelo visual, mesmo reforçado pela tecnologia mais contemporânea, soe mal para quem já nasceu no futuro.
Não tanto quanto o Epcot Center e a Terra do Futuro da Disney World, que estão em ostensiva crise de público por causa de seu futurismo retrô risível para qualquer criança de 10 anos, mas quase.
Em todo o caso, a "edição especial" e a "prelogia" de "Guerra nas Estrelas" vão dar muito o que falar, sucesso ou fracasso. O que já lhes garante o sucesso.

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