São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Ritmo de trabalho cai no verão

Eficiência diminui até 41%

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Moleza, suor, cansaço. Esses são apenas três sintomas que aparecem nas pessoas que trabalham no calor escaldante do verão.
Você sabia que a produtividade a 28°C é 41% menor do que a 19°C? É o que revela um estudo citado pelo médico do trabalho Paulo Roberto Kaufmann, 32, que trabalha no Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalho de São Paulo.
"A diminuição da produtividade é fisiologicamente justificável", afirma o médico, que explica qual é o mecanismo dessa queda (veja no quadro abaixo).
Além de o relaxamento diminuir a disposição para as atividades mais pesadas, a concentração também é prejudicada -afetando o trabalho intelectual.
Quem mais sofre são os que trabalham em ambientes fechados -quem realiza trabalho braçal geralmente se mantém aquecido- e os que circulam pelas ruas.
"Para mim, seria impossível trabalhar sem ar-condicionado. A produção cairia em 90%", afirma Christina Bicalho, 30, diretora de marketing e vendas do STB, empresa de intercâmbio cultural.
Segundo ela, existem pessoas que chegam a desmaiar quando o aparelho quebra. "A gente fica mais mole e mais cansado. No inverno a energia é bem maior."
Para driblar o calor, ela procura usar roupas leves -dispensa o blazer e usa camiseta sem manga- e adotar uma alimentação mais saudável, à base de saladas.
"Tomo ainda dois litros de água por dia dentro do escritório. Mas o pior mesmo é na hora de voltar do almoço." Esse também é o drama de Luís Alves, 29, gerente de um banco da avenida Paulista (região central de São Paulo).
"A gente fica no escritório a 22°C e sai para a rua, com dez graus a mais. Voltar depois é cruel." O corpo trabalha a uma temperatura que varia pouco. Por isso, a saúde é ainda mais prejudicada com o entra-e-sai do ar-condicionado.
Também sofrem os que trabalham com uniformes pesados -casos de vendedores de rua e garçons. "Passei cinco anos de uniforme de 'maître', preto, grosso e pesado", diz Valdeci Felix da Silva, 34, do restaurante Trattoria di Torino, em São Paulo.
Agora o dono do restaurante dispensou o uniforme -trocou por camisa e um avental. "Ficou melhor."

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