São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Rio é a segunda melhor na avaliação da equipe do COI

SÍLVIO LANCELLOTTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Somente no dia 7 de março o Comitê Olímpico Internacional selecionará as cinco cidades que disputarão a organização dos Jogos de 2004. De todo modo, dois meses antes, o Rio de Janeiro deve se colocar entre as finalistas.
Depois de visitas às 11 cidades candidatas, os avaliadores do COI já começaram a redigir o texto prévio do relatório que servirá de base para a escolha das cinco finalistas.
Embora pareça bem cedo para se anteciparem as suas conclusões, inúmeros sinais privilegiam o Rio.
Os avaliadores se comoveram com a paisagem da cidade e com sua capacidade de mobilização popular. Literalmente se emocionaram com a possibilidade de uma festa de abertura e de um evento de encerramento no Maracanã.
Melhor. Numa frase ainda não completamente lapidada, o relatório aponta o Rio como "a mais simpática" das candidatas. Fascinou os avaliadores a idéia de se usar os Jogos como uma chance de "resgate social" dos pobres.
A única, e principal, preocupação, por enquanto: os custos previstos para a Rio-2004 são os mais elevados de todas as candidatas.
O governo da Itália está empenhado em conquistar o evento. As suas instalações esportivas necessitam de meros aperfeiçoamentos.
Ao lado do Rio e de Roma, provavelmente sobreviverão Atenas (Grécia), Cidade do Cabo (África do Sul) e Sevilha (Espanha).
Atenas foi humilhada na escolha dos Jogos do Centenário, o fracasso de Atlanta: um indício evidente da sua inclusão. Em agosto, vai hospedar o Mundial de Atletismo e pelo menos 70 membros do COI já confirmaram presença.
A inclusão da Cidade do Cabo tem razões políticas. Homenageia o povo negro. Os avaliadores, porém, se incomodaram com uma contradição: segundo uma pesquisa local, 90% dos negros querem os Jogos, para 45% dos brancos.
Sevilha deve surgir como a grande surpresa do relatório, menos por seus méritos, mais pelas invirtudes das outras candidatas.
Curiosamente despreocupados com a violência do Rio, os avaliadores se assustaram com a criminalidade de Buenos Aires, também frustrante pela má qualidade de suas instalações esportivas.
O mesmo problema afeta São Petersburgo (Rússia), de enormes índices de delinquência juvenil.
Prejudicam Estocolmo (Suécia), perfeita no clima e nas instalações, o desinteresse da população e as pressões ferozes dos ecologistas.
Istambul, na Turquia, não conta com o mínimo confiável de instalações. Pela mesma razão, o pré-texto descarta San Juan (Porto Rico) e a pequenina Lille (França).

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