São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Jardim da Saúde quer preservar sossego

OSCAR RÖCKER NETTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tombamento em caráter provisório do Jardim da Saúde (zona sul de São Paulo) deve mexer com o mercado imobiliário da região.
Caso seja efetivado, o tombamento criará mais um "bolsão" nitidamente residencial e com baixa densidade demográfica.
"A idéia é criar um 'Jardins' para a classe média", diz José Eduardo Rodrigues, conselheiro da Conpresp, conselho da prefeitura que trata do patrimônio histórico.
Os Jardins são um bairro da zona oeste em que praticamente só existem casas de alto padrão.
O objetivo do tombamento é preservar as características do Jardim da Saúde: poucos prédios, comércio restrito e muitas áreas verdes. Esse perfil vinha correndo riscos devido ao grande crescimento da região nos últimos anos.
A medida impõe restrições às construções, que devem ser submetidas à aprovação da prefeitura.
Mudanças
Já as casas de bom padrão deverão ser valorizadas. O motivo é simples: "Você sabe que não vão construir um edifício no terreno ao lado", diz Izidro Luiz Fontolan, 51, diretor de novos negócios da imobiliária Julio Bogoricin.
Para ele, a queda no valor dos terrenos deve ficar entre 60% e 70%. A valorização dos imóveis, no entanto, deverá ser menor: 10% a 15%. O m2 do terreno vinha sendo comercializado na região por cerca de R$ 550.
"Quem comprou terreno para construir ficou com um 'mico' na mão." É que a maior parte da área sob tombamento é zoneamento Z2, que permite construções até 2,5 vezes a área do terreno. "Agora, as construções estão limitadas", diz Fontolan.
Um dos setores prejudicados -pelo menos comercialmente- será o de proprietários das casas de baixo padrão e antigas, alvos usuais de incorporação.
"Mas uma casa antiga, que ganhe uma boa reforma, deverá ter mais valor", diz Fontolan.
Vizinhança feliz
O perito João Freire D'Ávila, 38, da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações, afirma que a região circunvizinha do Jardim da Saúde, por sua vez, vai ser valorizada pelo tombamento.
A tendência é que -uma vez resguardado o Jardim- a vizinhança atraia novos empreendimentos. O atrativo é a proximidade de uma área reservada, relativamente calma e sem o visual repleto de prédios. "Vai ficar agradável", afirma D'Ávila.
Essa acomodação do mercado deverá contrabalançar o efeito negativo que o tombamento possa causar no comércio imobiliário do Jardim da Saúde.
Fontolan, por exemplo, não chega a lamentar a "perda" de um bom ponto de vendas.
"O mercado acaba se adaptando de qualquer jeito. Vamos buscar áreas próximas", afirma o diretor da Julio Bogoricin.

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