São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Maioria dos animais marinhos se extinguiu no Paleozóico

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Testes baseados em fósseis e desenvolvidos por S. M. Stanley, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (EUA), e X. Yang, da Universidade de Nanjing, na China, demonstraram que os episódios de extinção registrados no estádio Guadalupiano foram realmente enormes processos de extinção de animais marinhos, aliás o maior depois do Tatariano.
A coluna geológica é constituída pela superposição sucessiva das eras em que se divide a história geológica da Terra.
Cinco são essas eras, denominadas de baixo (a mais antiga) para cima: Azóica ou Pré-Cambriana; Paleozóica ou Primária; Mesozóica ou Secundária; Cenozóica ou Terciária e Antropozóica ou Quaternária, na qual estamos vivendo.
As eras dividem-se em períodos: o Permiano foi o último período do Paleozóico e terminou com as extinções referidas, seguido, com diferença de 5 milhões de anos, pelo Tatariano. Os períodos dividem-se em estádios ("stages"), que por sua vez subdividem-se em sucessivas épocas, idades e fases.
No Paleozóico, que terminou há 245 milhões de anos, ocorreu a mais grave crise biótica (relativa ao conjunto de seres vivos de determinada região) da história da vida animal, segundo Stanley e Yang (em estudo publicado na revista "Science", 266, 1.340).
Parece que aproximadamente 67% de todos os gêneros de animais marinhos do Tatariano não chegaram à era Mesozóica.
Também é muito alta a porcentagem de extinções no estádio Guadalupiano, pois 58% dos gêneros de animais marinhos desapareceu.
Este é o mais alto registro de extinção para qualquer estádio dos últimos 430 milhões de anos, excetuando o Tatariano.
Concluem os autores que uma das maiores extinções em massa dos últimos 500 milhões de anos ocorreu cerca de 5 milhões de anos antes da crise tatariana, que encerrou a era Paleozóica. Crise igual à do Guadalupiano parece ter sido a do Mesozóico, que com ela terminou.
Pelo que se vê, as faunas do fim do Permiano parecem ter sofrido duas extinções. Estranho é o relativamente curto intervalo entre as duas extinções em massa, 5 milhões de anos, quando o intervalo médio entre crises desse tipo é de 15 milhões de anos.
Explica-se esse fato por terem sido rápidas as condições ambientais hostis do fim do Permiano. Stanley e Yang corrigem para 80% a redução das espécies animais marinhas do Tatariano, que geralmente é dada como 95 a 96%; referimo-nos ao número de espécies desaparecidas: 71% delas desapareceram no Guadalupiano.

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