São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 1997
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'Made in Brazil' é rejeitado no exterior

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos consumidores do exterior conhecem os produtos industrializados brasileiros. E, entre os que conhecem, a maioria acha que sua qualidade é apenas razoável ou então ruim.
Essas são as principais conclusões sobre o Brasil de uma pesquisa que entrevistou cerca de 20 mil consumidores em 19 países.
Em média, 26% dos consultados consideram que os produtos Made in Brazil são razoáveis e 7% acham que esses produtos são ruins.
Nem 1% dos entrevistados disse que sua qualidade é excelente.
A maior parte desses consumidores, porém, preferiu não comentar nada: 40%, em média, disseram que não conhecem os produtos feitos no Brasil.
Com esses resultados, o Brasil foi classificado em último lugar num ranking de qualidade de produtos manufaturados, elaborado a partir das respostas de 1.040 consumidores de cada um dos 19 países.
O Brasil teve uma taxa de aprovação de apenas 4,4%. Esse foi o total das respostas que consideravam os produtos excelentes ou muito bons.
Os produtos mexicanos, os penúltimos na lista, receberam aprovação ligeiramente maior, de 4,6%, e os russos, de 5,3%.
O ranking é liderado por Japão (41,2%), Alemanha (35,1%) e Estados Unidos (34,9%).
Piora na avaliação
"A pesquisa mostra que o Brasil continua sendo exportador de commodities, não de marcas. Embora o país tenha exportado US$ 47,7 bilhões no ano passado, os consumidores dos outros países não sabem que estão comprando produtos brasileiros", explica Francisco Borghoff, presidente da Bozell Brasil, uma das empresas que participaram da pesquisa.
Essa foi a terceira vez que a Bozell -uma divisão do grupo BJK&E, o oitavo maior no setor de publicidade nos Estados Unidos- e o Instituto Gallup (considerada a maior empresa de pesquisa do mundo) patrocinaram a pesquisa.
A cada ano, estão aumentando o número de países em que a pesquisa é feita e o total de países cujos produtos são analisados pelos entrevistados.
Os produtos brasileiros foram avaliados pela primeira vez em 1995, quando a pesquisa foi feita em 17 países.
A taxa de aprovação dos produtos brasileiros foi na época ligeiramente maior do que a da última pesquisa -4,8% em comparação com os 4,4% constatados em 1996.
Orgulho nacional
Em geral, não houve mudanças significativas no ranking de aprovação dos produtos estrangeiros. Nas duas pesquisas anteriores, Japão, Alemanha e Estados Unidos já lideravam a lista.
A repetição desses resultados significaria que existe uma percepção geral entre os consumidores sobre a qualidade de um produto baseada no seu país de origem, explica Charles D. Peebler Jr., presidente da BJK&E.
Ou seja, os consumidores já esperam um determinado nível de qualidade de um produto ao ficarem sabendo onde foram fabricados.
Os produtos mexicanos e chineses tiveram, porém, uma avaliação bem mais negativa.
Em 1995, 6,9% dos entrevistados haviam aprovado os produtos feitos no México. No ano passado, essa taxa caiu para 4,6%. No caso dos bens chineses, a taxa passou de 9,3% para 8,2%.
A pesquisa também mostra que os japoneses são o povo que mais aprecia os produtos feitos no seu próprio país: 69% deles consideraram esses produtos excelentes ou muito bons.
Outros consumidores que têm orgulho dos produtos nacionais são os canadenses e os norte-americanos.
Os chineses, tanto de Taiwan quanto da China, são os que têm a pior auto-imagem.

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