São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 1997
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Peru faz proposta de diálogo para o MRTA

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O governo peruano apresentou ontem proposta de negociação para os guerrilheiros do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) que mantêm 74 reféns na casa do embaixador japonês em Lima.
É a primeira iniciativa do gênero desde o começo da crise, em 17 de dezembro.
As conversas, porém, foram dificultadas ontem devido ao cancelamento da visita do negociador do governo à casa ocupada.
Em sua proposta, o governo pediu a formação de uma comissão formada pelo líder guerrilheiro Nestor Cerpa Cartolini, pelo negociador oficial Domingo Palermo e por representantes da Igreja Católica e Cruz Vermelha.
A proposta foi entregue aos terroristas às 12h15 (15h15 em Brasília). O MRTA não havia respondido até as 19h (22h em Brasília).
A negociação foi confusa. Durante todo o dia, era esperado um encontro entre Palermo e Cerpa -algo que só aconteceu uma vez desde o começo da crise.
A visita havia sido acertada em conversa por rádio na sexta-feira. Os quatro minutos de conversação, informal, foram divulgados pela imprensa na sexta à noite.
Na conversa, Palermo chamava Cerpa de "dom Nestor". Houve risadas na hora em que o terrorista disse que poderia ser visitado: "Não vou sair daqui mesmo".
Imprensa
Ontem, porém, um irritado Palermo culpou a divulgação da conversa como motivo para o cancelamento da visita.
Não é a primeira vez que o governo ataca a imprensa durante a crise. Jornalistas que entraram na casa também foram acusados de atrapalhar as negociações -um japonês foi preso, tendo sido solto anteontem (leia texto abaixo).
O MRTA, segundo a Cruz Vermelha, teria condicionado a visita de Palermo à apresentação de uma lista de presos a serem soltos.
A libertação de cerca de 500 membros do grupo é a principal exigência dos guerrilheiros.
O governo se recusa a soltar terroristas. Já ofereceu, em troca dos reféns, livre passagem do comando que ocupa a casa para algum país -o Panamá parece ser o destino mais provável.
Cerca de 300 pessoas fizeram ontem uma passeata em Lima pedindo a libertação dos reféns.
Bucaram
A crise dos reféns não será discutida, pelo menos oficialmente, durante a visita do presidente equatoriano a Lima hoje.
Abdalá Bucaram deve ficar no Peru até a quarta-feira. É a primeira vez que um presidente do Equador visita oficialmente Lima.
Em janeiro de 1995, os dois países travaram uma guerra de fronteira na região do rio Cenepa, o que torna a visita mais importante.

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