São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Júri do caso Daniella pode ser adiado de novo

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Marcado para o próximo dia 22 (quarta), o julgamento dos acusados pela morte da atriz Daniella Perez pode ser novamente adiado.
Em conversas no fórum do Rio, o advogado do réu Guilherme de Pádua, Paulo Ramalho, anunciou a intenção de não se apresentar ao 2º Tribunal do Júri caso haja campanhas públicas a favor da condenação dos acusados.
A campanha pró-condenação começa amanhã. A partir das 13h, em frente ao fórum, militantes de ONGs vão distribuir 30 mil panfletos com fotos da atriz e texto pedindo o fim da impunidade.
Artistas da Rede Globo deverão se engajar. Miguel Falabella, Cristiana Oliveira e Guilherme Karam são citados pelos manifestantes como envolvidos na campanha pela condenação de Pádua e de sua ex-mulher, Paula Thomaz.
Até o fim da semana deverão ser montados outdoors, como já havia sido feito em agosto de 96, quando o julgamento estava previsto para ser realizado.
Em contatos mantidos no 2º Tribunal do Júri, Paulo Ramalho diz que se a opinião pública for mobilizada contra os réus apresentará por escrito ao juiz José Geraldo Antônio a razão de sua ausência.
Morte e prisão
Daniella Perez foi morta aos 23 anos, na noite de 28 de dezembro de 1992, em uma rua deserta da Barra da Tijuca (zona sul do Rio). Ela trabalhava na novela "De Corpo e Alma" (Rede Globo), escrita por sua mãe, Glória Perez.
No dia seguinte ao crime, o ator Guilherme de Pádua foi preso após confessar ter matado a colega de novela a tesouradas. Aos poucos, ele foi mudando sua versão.
Hoje, Pádua acusa a ex-mulher de ter desferido os golpes fatais contra Daniella. Paula Thomaz sempre negou ter participado do assassinato. Apesar das negativas, ela está presa há quatro anos.
O julgamento deveria ter sido realizado em agosto passado, mas foi adiado pelo juiz do 2º Tribunal. Caso o advogado de Pádua não compareça, o julgamento deverá ser novamente adiado.
A promotoria juntou ontem ao processo documentos que visam respaldar o depoimento do frentista Antônio Clarete, que diz ter lavado o carro de Pádua na noite do crime. Clarete diz que, para limpar manchas de sangue, usou querosene misturado ao produto Supersol 10, da Gessy Lever. A perícia não achou vestígios de querosene no carro.
Declaração de Aloysio Bittencourt, professor do Departamento de Química da PUC do Rio, diz que o querosene, ao ser misturado à água e produtos de limpeza, remove manchas sem deixar marcas.
O Ministério Público juntou declarações da Gessy Lever e do posto Nova Ipanema sobre o uso do Supersol 10.

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