São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Brasil faz o Mercosul dançar

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Skank em primeiro lugar nas paradas chilenas, Carlinhos Brown no topo das colombianas e Paralamas o mais pedido pelo público da MTV Latina.
Com o aval e apoio das gravadoras, os artistas brasileiros estão tomando conta de algumas das principais paradas de sucesso da América Latina.
No Chile, o Skank chegou ao primeiro lugar com "Garota Nacional", o mesmo posto obtido por "A Namorada", de Carlinhos Brown, na Colômbia.
Se antigamente fazer sucesso nos países vizinhos era uma iniciativa de artistas obstinados, agora as gravadoras resolveram dar uma mãozinha.
"Saiu de um interesse zero para algum interesse, mas o potencial ainda é muito maior", afirma Manolo Camero, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Disco, organização que congrega todas as gravadoras no Brasil.
As gravadoras agora colocam dinheiro nas empreitadas latinas de seus contratados e bancam versões em espanhol.
É o caso do Skank, que já fez uma versão em espanhol para "Garota Nacional" e pensa em verter outras músicas.
É também a intenção do Kid Abelha, que, depois de 15 anos de estrada, ganha da WEA um projeto de conquista do mercado latino com uma compilação em espanhol.
Um single da banda será lançado em abril, o CD em maio e o grupo fará promoção no Chile, Argentina e Espanha.
A lista de artistas que estão sendo trabalhados no exterior é grande e inclui estilos variados, como Olodum, Fernanda Abreu, Zélia Duncan, Marisa Monte, Leila Pinheiro, Raimundos e Leandro e Leonardo.
É óbvio que o investimento tem um bom retorno. De cada disco vendido no exterior, 8% volta ao Brasil como pagamento de direitos autorais e editoriais e 20% como royalties para as gravadoras.
Terceira onda
Na América Latina, a atual fase pode ser chamada de terceira onda. A primeira começou na década de 70 e incluía alguns medalhões da MPB, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa, Roberto Carlos e outros.
Entre eles estava Nélson Ned, que até hoje faz mais sucesso fora do Brasil do que aqui.
A segunda onda é capitaneada pelos Paralamas em uma empreitada digna de "exército de Brancaleone", como define Manolo.
Na fase atual, as próprias gravadoras se mexem para promover seus grupos.
"Existe um potencial maior. O que aconteceu com os Paralamas pode se repetir", reconhece Maria do Carmo Botelho, gerente de overseas (além-mar) das gravadoras WEA e Continental -responsável pela exportação de artistas nacionais.
Normalmente, os artistas são vendidos durante duas convenções anuais de cada gravadora -uma regional (América Latina) e outra internacional.
"Nessas reuniões são mostrados clipes e material dos artistas com mais potencial. E então são elencados os artistas prioritários para a companhia", explica Renato Costa, ex-diretor de overseas e atual gerente de marketing da EMI.
Manolo reconhece que a América Latina é um mercado mais fácil para os brasileiros. Até por uma questão de proximidade.
"Uma das grandes metas é fazer da América Latina um mercado único. Está tudo se integrando. As TVs a cabo, por exemplo, chegam a todos", afirma Maria do Carmo.
Essa integração está sendo feita de vários jeitos. Um dos principais motivos do sucesso da música brasileira no exterior são os turistas que compram o disco e levam para seus países. "Depois começam a tocar nas casas noturnas e então chegam às rádios", diz Manolo.
Skank
Uma das grandes apostas do mercado é o Skank, que já vendeu mais de 1,6 milhão de cópias de "O Samba Poconé", lançado em 96.
A música "Garota Nacional" chegou a primeiro lugar no Chile, onde o grupo esteve no final do mês passado para fazer promoção.
O vocalista Samuel Rosa declara que, em 97, a prioridade é a carreira internacional. O grupo vai à França neste mês. Depois, Espanha. A gerente de overseas da Sony, Cecília McDowell, está no Japão. Ela chega na próxima semana com executivos da Sony Japão para ver o Skank ao vivo, em um show na praia de Botafogo.

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