São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Oposição obtém vitória em Belgrado e Nis

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A oposição sérvia conseguiu sua mais importante vitória sobre o governo ontem. As autoridades eleitorais do país restituíram à coalizão Zajedno (Unidos) o controle sobre as duas maiores cidades do país, Belgrado e Nis.
Para isso, as autoridades reverteram decisões anteriores de tribunais locais, que, influenciados pelo presidente socialista Slobodan Milosevic, cancelaram o resultado das eleições de 17 de novembro.
A vitória é consequência de uma enorme mobilização popular, que já dura quase dois meses, contra o governo de Milosevic. Na madrugada de ontem, mais de 400 mil pessoas ocuparam as ruas de Belgrado, a capital, para comemorar o Ano Novo (segundo o calendário da Igreja Ortodoxa), em uma festa de forte conteúdo político.
A oposição recebeu a decisão de ontem sem euforia, e sim com desconfiança. "Para podermos nos alegrar, precisaremos esperar mais alguns dias para ver as reações do Partido Socialista e dos tribunais. Devemos ser muito precavidos, já que talvez desta vez se trate também de um truque de Milosevic", disse Vuk Draskovic, líder da Zajedno. A decisão de ontem ainda está sujeita a recursos.
Além de Belgrado e Nis, a Zajedno diz ter vencido as eleições em outras 12 das mais importantes cidades da Sérvia (que, com Montenegro, forma a atual Iugoslávia).
Draskovic disse que seu grupo vai encerrar as manifestações se a vitória eleitoral for reconhecida em todas as localidades. Após isso, disse ele, o grupo quer negociar com o presidente Milosevic a punição aos responsáveis pelas fraudes eleitorais e à repressão às manifestações e também a instituição da liberdade de imprensa.
Na noite de ontem, a rádio oficial anunciou que o prefeito de Belgrado, Nebojsa Covic, foi expulso do Partido Socialista junto com outros dois dirigentes.
Pelas eleições de novembro -cujo resultado foi restaurado ontem-, o Zajedno conseguiu 60 das 110 cadeiras na Câmara de Belgrado, contra 23 dos socialistas e seus aliados, 15 do Partido Radical e 2 do Partido Democrático.
Outras 10 cadeiras seriam disputadas em eleições suplementares, o que não tira a maioria da oposição. Uma missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, liderada pelo ex-premiê espanhol Felipe González, recomendou ao governo que aceite a vitória da Zajedno nas 14 cidades.
A decisão de ontem foi uma demonstração clara de que Milosevic precisa ceder aos manifestantes e à pressão internacional para tentar continuar governando. Ele tem se mantido em silêncio durante a crise e, segundo analistas, seus assessores vêm buscando encerrar os protestos sem admitir a derrota.

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