São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Crise na Bulgária chega a impasse

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A oposição da Bulgária aceitou ontem a formação de um governo de coalizão transitório desde que os socialistas se comprometam a antecipar as eleições.
Durante todo o dia os socialistas se mostraram relutantes em se comprometer com a antecipação das eleições, mas segundo a agência "France Presse", cederam no final da tarde. Eles querem a formação de um governo de coalizão, liderado por um premiê socialista, que ficaria no poder por tempo indeterminado. O governo provisório faria reformas de emergência.
"A questão não é a duração (do governo de coalizão), mas a situação. As eleições só poderiam ocorrer em situação de paz civil", disse Mariela Miteva, da liderança socialista.
O governo búlgaro enfrenta protestos de rua que exigem eleições antecipadas para a renovação do Parlamento, controlado pelos socialistas.
No último dia 11, manifestantes chegaram a invadir a sede do Parlamento, na capital, Sófia. Ontem, cerca de 20 mil manifestantes foram às ruas da cidade.
A rádio estatal búlgara disse que Iordan Sokolov, líder no Parlamento da União de Forças Democráticas (oposição), concordou em formar um governo misto se os socialistas se comprometerem a adiantar as eleições.
O presidente do país, Jeliu Jelev, da oposição, acusou ontem os socialistas de serem os culpados pela situação econômica do país.
"A Bulgária é o primeiro país pós-comunista que não conseguiu realizar a transição para uma economia de mercado e está prestes a falhar em sua transição para a democracia", disse Jelev.
Ontem, os dirigentes sindicais, que representam 2 milhões de trabalhadores numa população de 8,5 milhões de habitantes, ameaçaram realizar greves hoje para exigir a antecipação das eleições.
A Bulgária enfrenta a sua pior crise econômica desde que derrubou, em 1989, o governo comunista sustentado pela ex-URSS.
A inflação anual de 1996 ficou em 310,8%, e a dívida externa ultrapassa os US$ 10 bilhões.
Os socialistas, eleitos em 1994, frearam as reformas econômicas que vinham sendo realizadas pelo governo de direita que os antecedeu. As metas de privatização não foram atendidas, e, em represália, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional cortaram a remessa de fundos para o país.
Ontem, o gabinete búlgaro aprovou um projeto de privatização que prevê lucros de até US$ 1,2 milhão, disse o ministro da Economia, Roumen Gechev. O projeto, porém, depende de aprovação do Parlamento.

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