São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Governo propõe "votação a prestações" para reeleição

DANIEL BRAMATTI
DENISE MADUEÑO

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados governistas rejeitam proposta de plebiscito em comissão

O governo venceu ontem a primeira etapa de votação da emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para tentar aprová-la no plenário da Câmara, decidiu propor o que já está sendo batizado de "votação a prestação" para obter o apoio do PMDB.
A comissão especial da Câmara aprovou o projeto por 19 votos a favor e 11 contra.
Na mesma sessão, os deputados governistas rejeitaram a proposta de realização de plebiscito para decidir sobre a reeleição. Minoria na comissão, a oposição votou a favor da consulta popular.
Apesar da vitória na comissão, o governo ainda não reúne o número de votos necessários (308 do total de 513 deputados) para aprovar a emenda no plenário, principalmente depois das dissidências no PMDB, partido de sua base de sustentação. A Folha apurou que os governistas contabilizam, no máximo, 300 votos a favor.
Ontem, os líderes governistas lançaram o sistema "crediário" para tentar contornar as resistências do PMDB e começar a votar a emenda no plenário ainda em janeiro, como quer FHC.
Pela proposta governista, a votação da emenda seria "a prestação" -uma forma intermediária de agradar o governo e o PMDB. O primeiro turno seria votado no dia 28 de janeiro e o segundo turno em fevereiro, depois da eleição das Mesas da Câmara e do Senado.
"A proposta satisfaz Luís Eduardo (Magalhães, presidente da Câmara) e atende o PMDB", afirmou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). A fórmula também é considerada viável pelo líder do PSDB, José Aníbal (SP).
A alternativa foi discutida ontem pelos líderes após a votação da emenda na comissão especial, em almoço com a participação do ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
A nova proposta de calendário precisa vencer as resistências do PMDB. A convenção do partido, realizada no domingo passado, recomendou o adiamento da votação para fevereiro. "Sem resolver o problema do PMDB, não há como votar a emenda em plenário", disse o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA).
Governadores e prefeitos
O texto do relator Vic Pires Franco (PFL-PA) permite a reeleição do presidente da República, governadores e prefeitos. Eles poderão concorrer no exercício do cargo, sem necessidade de desincompatibilização.
Votaram a favor o PFL (sete deputados), o PSDB (cinco), o PMDB (seis) e o PSB (um). Da base governista, o bloco PPB-PL, com seis integrantes, votou contra.
"Este não é um projeto de governo, mas de governante", disse o deputado Jofran Frejat (PPB-DF).
Na oposição, os votos contrários vieram do PT (três), do PDT (um) e do PC do B (um).
Apesar de derrotada ontem, a oposição afirmou ter conseguido alguns objetivos. "Foi tudo conforme o roteiro previsto. Mostramos que não é verdade a afirmação de que o governo aceita o plebiscito. A votação em plenário deve demorar e não será fácil", disse o deputado José Genoino (PT-SP).

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