São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Leilão de 20% da Comgás é contestado

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A corretora de valores Bozano, Simonsen, do Rio, vai tentar cancelar hoje na Justiça a venda feita ontem, pela Prefeitura de São Paulo, de 19,86% das ações da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo).
A corretora vai alegar prejuízo da prefeitura na venda e também recorrerá à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no Rio, pedindo a anulação da operação.
Segundo a Bozano, Simonsen, o leilão, na Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo), foi encerrado antes que ela pudesse apresentar sua proposta.
O lote de ações foi vendido pelo preço mínimo -R$ 74 milhões- para a corretora Omega, que representou a Shell do Brasil S/A.
A Bozano representou o grupo empresarial Gaspart, da Globo Petrolium and Gaz Limt. A Shell não se pronunciou sobre o questionamento que será feito na Justiça.
Segundo Arnóbio Aladin de Abreu, diretor da corretora Bozano, Simonsen, "a prefeitura foi muito lesada na venda das ações".
Abreu disse que ofereceu R$ 10 mil a mais que o preço mínimo, mas que não foi atendido pelo diretor do pregão. "O leiloeiro foi intransigente. Encerrou o leilão exatamente no momento em que eu estava dando o lance."
Maior oferta
Em carta que já enviou para a CVM, a Bozano, Simonsen diz que tinha três operadores na Bovespa e que, por isso, não pode ser alegado que a oferta não foi ouvida.
A empresa destaca ainda que o leilão não havia sido encerrado quando foi feita a oferta.
Em sua opinião, "o dever do leiloeiro deveria ser maximizar o preço, mas acabou prejudicando a vendedora".
Gilberto Mifano, superintendente-geral da Bovespa, diz que houve no leilão "uma bobeada muito grande da Bozano". Segundo ele, Abreu só teria se pronunciado após a batida do martelo, que determina o final do leilão.
Segundo Mifano, foram feitas seis chamadas antes da batida do martelo, e a Bozano, Simonsen não se pronunciou em nenhuma delas.
Cesp
O acionista majoritária da Comgás é a Cesp (Companhia Energética de São Paulo), do governo estadual, que tem 59% das ações. O próprio governo do Estado tem outros 17% das ações. O restante é da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), também do Estado.
A venda pela Prefeitura de São Paulo de sua parte das ações segue uma política privatizante. No ano passado, a prefeitura arrecadou R$ 94 milhões vendendo as ações da Eletropaulo que possuía.

Texto Anterior: Plebiscito decente
Próximo Texto: Tiros em sem-terra foram a curta distância
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.