São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Alunos 'desaparecem' da rede pública em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

A queda no número de alunos matriculados no 1º grau no Estado de São Paulo aconteceu exclusivamente nas escolas da rede estadual de ensino.
Pelos dados da Secretaria de Estado da Educação, no ano passado houve 191.571 matrículas a menos nessas unidades do que em 1995.
Parte dos alunos teria sido absorvida pelos sistemas municipal e particular, nos quais houve acréscimo de 77.712 e 5.224 matrículas, respectivamente, no período.
Ainda assim, 108.635 alunos das escolas estaduais "desapareceram" de um ano para o outro.
Para a secretária da Educação do Estado, Rose Neubauer, esse número corresponde às matrículas duplas, detectadas nos cadastramentos realizados em 95 e 96.
Só no ano passado, constataram-se 285.427 "alunos-fantasmas" -que fizeram matrícula em mais de uma escola, ou porque os pais procuravam várias unidades, ou porque a escola rematriculava um aluno evadido do ano anterior- na rede estadual.
O número, no entanto, inclui todos os alunos da rede pública paulista, incluindo o 2º grau. O levantamento da Folha levou em consideração apenas os frequentadores do 1º grau.
Ainda assim, Rose Neubauer disse considerar que a diferença se deve ao recadastramento. "Os números batem, são mais de 100 mil matrículas duplas", declarou.
"Os dados de São Paulo mostravam distorções. Havia mais crianças nas escolas estaduais do que na população", disse a secretária.
Em 1991, por exemplo, o Censo populacional do IBGE registrava 3.388.615 crianças entre 7 e 12 anos residentes no Estado de São Paulo, e havia 3.554.370 matrículas nas escolas públicas, nas séries referentes a essa faixa etária.
Rose Neubauer lembrou também que a Secretaria da Educação tem um projeto de passar ao controle dos municípios o maior número possível de escolas de 1ª a 4ª série.
Particulares
Já para o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, José Aurélio de Camargo, o incremento do número de matrículas no sistema particular mostra que essas escolas "estão mais bem orientadas".
"É a demonstração cabal da competência das escolas particulares paulistas", disse ele.
Para Camargo, as escolas também obedecem à lei do mercado, em que quem presta os melhores serviços tem mais clientes.
"Hoje, os pais querem garantias de segurança e qualidade de ensino", afirmou.

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