São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
Próximo Texto | Índice

MRTA aceita comissão negociadora

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) aceitou a proposta de negociação do governo peruano para resolver a crise dos reféns na casa do embaixador japonês em Lima.
Os terroristas, porém, disseram esperar que o governo coloque a libertação de outros membros do MRTA de cadeias peruanas na mesa de negociação. Isso pode levar a um novo impasse, porque o governo já disse que não vai discutir essa questão -que, em sua visão, estimularia novos ataques.
A libertação de presos é a principal reivindicação dos guerrilheiros para soltar os 74 reféns que mantêm na casa -ocupada durante festa na noite de 17 de dezembro.
"Vamos conversar para achar uma saída", afirmou ontem por rádio o líder do MRTA, Nestor Cerpa Cartolini.
O governo peruano divulgou nota saudando a decisão dos terroristas, mas deixando claro que sua posição em relação aos cerca de 500 militantes do MRTA presos não vai mudar.
Pontos
Segundo nota do MRTA, também transmitida por rádio para jornalistas junto à casa ocupada, o grupo concorda em se reunir em algum local a ser definido e aceita a mediação da Igreja Católica e da Cruz Vermelha Internacional.
A esses dois mediadores, acrescentou um representante de "algum país europeu" e outro da Guatemala -fazendo crescer especulações sobre o país para onde querem ir quando a crise acabar, conforme oferta do próprio Peru.
O Panamá ofereceu, extra-oficialmente, o asilo. Mas a Guatemala aparece como séria candidata porque acaba de assinar acordo de paz com seus guerrilheiros, pondo fim a 36 anos de guerra civil.
Já o "território neutro" deve ser a casa de coordenação da Cruz Vermelha, que fica a duas quadras do prédio ocupado.
O Vaticano, por sua vez, já designou Juan Luis Cipriani como seu representante na crise. Arcebispo de Ayacucho e amigo pessoal do presidente Alberto Fujimori, Cipriani visita reféns e terroristas desde o começo da crise.
Equador
O chanceler peruano, Francisco Tudela, é um dos reféns em poder do MRTA e disse por rádio que todos na casa estão bem.
Ele não pôde participar da recepção ao presidente equatoriano, Abdalá Bucaram, que voltou ontem a Quito com um contratempo diplomático na bagagem.
Os dois países lutaram guerra de fronteira em 1995, e Bucaram passou boa parte da visita garantindo que não iria mais comprar armas.
Mas o Ministério da Defesa equatoriano confirmou anteontem que quer comprar 30 aviões Kfir de Israel. Alegou que Bucaram se referia a "armas de agressão".

Próximo Texto: Clube da maconha é reaberto nos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.