São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Muito por fazer

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- Começamos... Ainda há muito por fazer...
FHC estava em acachapante campanha de reeleição, ontem na propaganda em cadeia do PSDB. Um imenso e exuberante comercial, canções e clipes de fazer vontade a Duda Mendonça, emocionantes, com a cara brasileira.
Reeleição foi obsessão. Elogios, governadores, depoimentos surgiam só para sustentar a emenda. Obras e ações do governo, idem. Não faltou sequer uma bandeira do MST. E Raul Cortez, sedutor, "voz rouca":
- Ter a consciência de que há muito por fazer...
Seduz "as ruas", mas não basta para o Congresso.

Os volteios da reeleição escondem personagens e enredos paralelos que só se mostram com o tempo. ACM não surge nos telejornais há semanas. Está mudo, nada declara, mal é visto nas telas.
Mas Inocêncio Oliveira, Luís Carlos Santos, José Aníbal, até FHC passaram o mesmo tempo a declarar argumentos para sustentar a pressa na votação. Ontem na Manchete, Sérgio Amaral, porta-voz:
- Não se pode delongar...
Na mesma Manchete, um peemedebista deu expressão ao que já era, diga-se, patente: a pressa, de início até aparentemente legítima, não vinha do interesse institucional, de outras emendas etc., mas do aberto favorecimento de ACM na disputa do Senado.
E prossegue a mesma pressa, com os mesmos. De chamada do Jornal Nacional:
- Governo marca para a semana que vem a guerra no plenário da Câmara...
Não seria guerra se FHC esperasse umas poucas semanas, mas o imperador da Bahia não pode esperar.

Para o Jornal Nacional, FHC criou ao menos o "fato político". Foi ao ataque. Se não levar, fecha com "a oposição" e o referendo.
A tal oposição, já para a semana, é o voto na manga.

Texto Anterior: Sem-terra faz refém no RN
Próximo Texto: Gerente de fazenda vai à polícia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.