São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997 |
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A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA
ARIANO SUASSUNA
ricamente embandeirado. Romeu saltou do cavalo e combinou com o amigo. Entraram lá, disfarçados, naquele Castelo antigo, pois ambos eram valentes, não fugiam do perigo. Os que estavam na festa, tinham ido mascarados. Assim fizeram os dois: entraram fantasiados, ambos de Castelo adentro, em capotes, embuçados. Dentro, tudo era alegria, muitos rapazes dançavam. Algumas moças, sentadas, com seus noivos conversavam. Tocavam alguns dos Músicos, outros, alegres, cantavam. Os atores e bailarinos dançam ao som de "Bernal Francês", que pode ser tocado com a música do "Romance da Bela Infanta", pois ela permite variação de ritmo. Romance de Bernal Francês: - Quem bate na minha porta? Quem bate? Quem está aí? É Dom Bernaldo Francês, sua porta mande abrir! - No descer da minha Cama, eu rompi o meu Frandil. No descer da minha Escada, me caiu o meu Chapim. No abrir da minha Porta, apagou-se o meu Candil. Eu te pego pela mão, te levo no meu Jardim, te faço Cama de rosas, travesseiro de Jasmim. Te lavo em água-de-cheiro, te deito em cima de mim. - Deixem que volte de novo, com minha Capa a cair. Quero ver se a minha Dama inda se lembra de mim! - Tua Dama, Cavaleiro, está morta, que eu já vi. Os sinais que ela levava vou dizer agora aqui. Os sinos que lhe tocaram por minha mão os tangi. O Caixão em que a enterraram era de ouro e marfim. Palavras não eram ditas, morre Bernal, no Jardim. Esta foi a sua história, foi este o seu triste fim. Quaderna: A filha de Capuleto, a formosa Julieta, dançava com um rapaz que vestia roupa preta. Tinha ao seio, por enfeite, um cacho de violetas. Romeu: Meu Deus, estou encantado com toda aquela beleza! Aquela Moça parece uma Fada, uma Princesa! Mercúcio, quem é aquela? Quem é aquela lindeza? Mercúcio: É filha de Capuleto! O leque que ela trazia caiu de sua bela mão, quando, há pouco, se movia! Romeu: Eu vou lá! Vou apanhá-lo! (Entregando o leque:) O leque lhe pertencia? Julieta: Sim, o leque me pertence! Muito obrigada, Senhor! Em paga da gentileza queira aceitar esta flor: receba esta Violeta em troca do seu favor! Romeu: Eu beijo esta doce Flor Vou guardá-la junto ao peito, com todo amor e cuidado, como se fosse uma Jóia que aqui eu tivesse achado. Eu não penso mais na jura que fiz a meu velho Pai! Pois o Amor é água pura que em nossas almas cai, e o desejo de vingança na sede do Amor se esvai! Deixe a dança, Julieta, finja que vai passear. Guardo comigo um segredo que a você vou revelar. Vá lá para a outra Sala: me espere, que chego lá! Julieta: Sinto que empalideci, que estou da cor de um Jasmim! Para a outra Sala, não: é melhor lá no Jardim! Lá tu podes me dizer o que desejas de mim! Há pouco, quando falavas, o meu peito estremecia! Como te chamas? Romeu: Romeu! Julieta: Pois, Romeu, não sei se vias que vieste me salvar Que é que tens pra me dizer? Continua à pág. 5-6 Texto Anterior: A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA Próximo Texto: A HISTÓRIA DO AMOR DE ROMEU E JULIETA Índice |
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