São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Paula se recusa a olhar para o ex-marido

DA SUCURSAL DO RIO

Nos 30 minutos em que permaneceram juntos no banco dos réus, Paula Thomaz e Guilherme de Pádua evitaram se olhar de frente.
Paula tomou a iniciativa de ficar de costas para o ex-marido, apesar de sentarem lateralmente, separados apenas por uma funcionária da equipe de segurança do Tribunal de Justiça do Rio.
Pádua foi o primeiro a ser chamado. Ele entrou no plenário às 14h15. Vestia calça jeans azul e camisa de malha branca, de mangas curtas. Calçava tênis branco e azul. Estava algemado.
Um minuto depois Paula foi conduzida ao plenário. Também estava algemada. Vestia camiseta marrom, sem mangas, e calça comprida de tecido fino, em tom amarelo.
Chamaram a atenção da platéia os cabelos compridos de Paula, quase ultrapassando a linha da cintura.
As algemas foram tiradas antes de o casal ser levado ao banco dos réus. Pádua manteve o rosto sério quando se sentou. Paula virou de costas. Suas mãos apresentavam um leve tremor.
Com a decisão de o júri ser desmembrado, Paula acabou dispensada. Ela deixou o plenário 30 minutos depois de ter entrado. Nem sequer olhou para o ex-marido na hora da saída.
Na chegada ao fórum, às 9h50, Pádua disse que não tinha esperanças de ser absolvido.
"Não acredito em absolvição porque o julgamento está armado", afirmou Pádua, que saiu do presídio Ary Franco, em Água Santa (zona norte do Rio) e foi escoltado por três agentes do Serviço de Operações Especiais do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário).
Os agentes ficaram preocupados com a possibilidade de linchamento, pois as pessoas estavam exaltadas e, no momento em que Pádua chegou, houve demora da guarda do fórum em recebê-lo.
A chegada de Paula Thomaz -acusada de co-autoria do crime- também foi agitada. Cerca de 60 pessoas cercaram o Opala preto do Desipe para ofendê-la.
"Assassina", "pega ela", gritavam os populares.
Para poder sair do carro e entrar na carceragem do Tribunal sem ser agredida, ela teve que ser protegida pelo detetive Sérgio Franco, que acompanhou a transferência de Paula da Polinter de Niterói (a cerca de 15 km do Rio) ao centro do Rio. Os dois entraram correndo.
Quando Paula saiu, às 17h30, houve novo tumulto. O carro foi cercado e um dos seguranças do fórum chegou a sacar uma pistola, apontando-a para o alto.
As pessoas que cercavam o carro, então, abriram passagem para a saída do carro.

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