São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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SUBMUNDO FINANCEIRO

O país pode estar diante de um grave escândalo financeiro envolvendo as emissões e a negociação diária de títulos de Estados e municípios.
A emissão de novas dívidas ganhou impulso quando da promulgação da Constituição, em 1988, que autorizou que se emitissem títulos para além do limite global de endividamento dos Estados e municípios com o fim específico de pagar dívidas judiciais, os precatórios.
Segundo as informações disponíveis até o momento e ainda sob apuração de uma CPI do Senado, várias dessas operações estão cercadas por procedimentos no mínimo duvidosos. São recursos da ordem de R$ 3,4 bilhões, o equivalente a mais de 50% do que se espera arrecadar com a CPMF ou cerca de dois terços da renda estimada com a privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
As possíveis irregularidades vão desde a falsificação de documentos sobre precatórios inexistentes até o pagamento de comissões excessivas, a negociação de títulos em condições lesivas aos cofres públicos e a manipulação de deságios em prejuízo dos cotistas de fundos de investimento. Os lucros assim obtidos seriam presumivelmente distribuídos entre corretoras, operadores do mercado financeiro, políticos e altos funcionários envolvidos no esquema.
Não estão isentos de responsabilidade o Banco Central, que há tempo investiga o tema, mas não tomou as providências devidas diante das suspeitas sobre certas operações realizadas, ou mesmo o Senado, que autorizou tais emissões.
São muitas as possibilidades de fraude que podem estar por trás dessas complexas operações financeiras. Que a CPI investigue o caso realmente a fundo, para que não se enraize, no uso do dinheiro público, mais essa modalidade criminosa.

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