São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997 |
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Brasília é uma grande horta
CLÓVIS ROSSI Brasília - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) foi profético, quando embarcávamos terça-feira para Brasília:"Vai para Brasília? Bem feito". Pois é. Brasília, mais do que de hábito, transformou-se em uma imensa plantação de versões. Se seu governador pudesse cobrar ICMS sobre "notícias" plantadas, teria o maior orçamento do planeta. Chegou-se ao absurdo de mentir em "off". Trata-se de jargão jornalístico para designar conversas em que o nome da fonte não é mencionado. Em tese, permite que a fonte diga o que de fato está acontecendo, em vez de sentir-se obrigada a contar apenas o que convém ao seu partido, ao governo a que pertence etc. Ou seja, o cidadão pode, ante câmeras e gravadores, dizer a posição oficial ou conveniente e, no segredo de confissão, contar a verdade. Quando se mente ou se blefa em "off", fica impossível acreditar no resto. Tudo porque a reeleição virou uma novela interminável, chata, em que interesses miúdos predominam. "Ninguém aguenta mais", dizem, separada, mas coincidentemente, o líder do PFL na Câmara, Inocêncio de Oliveira (PE), e o presidente nacional do PSDB, Teotonio Vilela Filho (AL). Na prática, o presidente Fernando Henrique Cardoso está caindo em esparrela prevista por Paulo Maluf: pode até ganhar a reeleição, mas vai ficar a sensação (falsa ou real, não importa) de que comprou-a. Mancha que Maluf admite ter ficado de seu comportamento no episódio do colégio eleitoral biônico que acabou elegendo Tancredo Neves, embora jure que não comprou ninguém. Por tudo isso, o presidente mandou votar na semana que vem, mesmo sabendo que as contas favoráveis que lhe mostram não são de todo confiáveis. Já é um consolo saber que nem o principal protagonista aguenta mais a novela de quinta categoria em que se transformou a reeleição. Texto Anterior: MONSTRO FARMACOLÓGICO Próximo Texto: Entornou na Câmara Índice |
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