São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Sem-terra bloqueiam BR-116 no Ceará

PAULO MOTA

PAULO MOTA; DEISE LEOBET
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Manifestantes pedem assentamento de trabalhadores; ato provoca congestionamento de 4 quilômetros

Um grupo de cerca de 300 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) bloqueou das 5h às 17h de ontem o trânsito na BR-116, perto da entrada de Chorozinho (64 km ao sul de Fortaleza).
Segundo a Polícia Militar, o bloqueio provocou um congestionamento de quatro quilômetros. Não houve registro de conflitos durante o ato. O trânsito era bloqueado alternadamente nas duas pistas.
Durante a manifestação, os sem-terra pediam aos motoristas para assinarem um abaixo-assinado de apoio às suas reivindicações.
Eles exigem uma definição do governo federal sobre o assentamento de 180 mil trabalhadores rurais no Ceará e uma solução sobre 57 áreas de conflitos no Estado.
Os manifestantes distribuíram um panfleto no qual pedem punição para os responsáveis pela morte de trabalhadores rurais em Corumbiara (RO), Eldorado dos Carajás (PA), Ourilândia (PA) e Rio Bonito (PR).
No panfleto, os manifestantes denunciam que o MST está sofrendo "uma ofensiva econômica, política, ideológica e assassina" e pedem apoio da população contra a inoperância e incompetência do governo frente à reforma agrária.
Curitiba
Cerca de quatrocentos sem-terra, de 70 assentamentos irregulares do Paraná, ocuparam ontem a sede da superintendência regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio do Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) em Curitiba.
Eles pretendiam invadir o prédio do Incra, mas como o órgão havia solicitado reforço à PM, os sem-terra decidiram ir ao Ibama.
No início da tarde, líderes do movimento reuniram-se com representantes do Ibama, Incra e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e exigiram a desapropriação imediata dos 83 mil hectares da fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu (PR).
Por volta das 15 horas, os sem-terra deixaram a sede do Ibama e fizeram um ato de protesto pela morte dos agricultores Vanderlei da Neves e José Alves dos Santos, semana passada, em Rio Bonito do Iguaçu. Eles acusam três seguranças da fazenda Pinhal Ralo de terem feito uma emboscada.
Outra reivindicação do movimento é o assentamento imediato das 8 mil famílias que estão em ocupações irregulares no Paraná.

Colaborou DEISE LEOBET, free-lance para a Agência Folha, em Curitiba

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