São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Rio sobe, derruba ponte e 15 somem

ROGERIO SCHLEGEL

ROGERIO SCHLEGEL; CRISPIM ALVES; ROGÉRIO GENTILE
ENVIADO ESPECIAL A ELDORADO

Ponte foi levada pelas águas, em Eldorado, no vale do Ribeira (SP); uma pessoa morrem em desabamento

Pelo menos 15 pessoas estão desaparecidas em uma morreu em consequência das chuvas que atingiram nos últimos quatro dias 11 cidades do vale do Ribeira. A situação é pior em Eldorado (235 km a sudoeste de SP).
Segundo a Defesa Civil, até as 18h30, 5.757 pessoas estavam desabrigadas na região, cerca de 3.500 em Eldorado. Há, pelo menos, três feridos. Em Itaóca, uma pessoa morreu em um desabamento.
Os 15 desaparecidos estavam sobre a ponte Carvalho Pinto, sob o rio Ribeira de Iguape, que desabou por volta das 13h. A ponte, que já vinha sendo sobrecarregada pelas águas do rio, que está 14,5 m acima do nível normal, ruiu ao ser atingida por uma balsa.
"A ponte começou a ranger e, em um momento, foi levada pelas águas", conta Donizete Antonio de Oliveira, 36, responsável pela Defesa Civil de Eldorado. Cerca de 40 pessoas estavam sobre a ponte no momento do desabamento. Parte delas teve tempo para correr.
Eldorado tem 18 mil habitantes, dos quais dez mil moram na zona rural e cultivam especialmente bananas. A maior parte dos moradores está ilhada em suas casas ou elevações de terreno.
Cerca de 50% da área central da cidade está sob as águas. "O lugar mais seguro na cidade é o cemitério", explica o prefeito Celso Luiz de Freitas (PFL). A Defesa Civil diz não ter onde alojar os desabrigados.
Há falta de água desde anteontem, e na tarde de ontem a cidade ficou sem luz.
O prefeito Freitas acusa a Defesa Civil do Estado de nada ter feito. "Ligamos para o coronel Marcondes para comunicar a calamidade na cidade e desde ontem (anteontem) nada foi feito."
O coronel Marcondes, diretor de Defesa Civil do Estado, disse que todos os esforços estão sendo feitos, mas que Eldorado é a única cidade em que não foi possível chegar por causa do isolamento.
"É uma região montanhosa e, com o mau tempo, não conseguimos chegar com os helicópteros."
Em Registro (185 km a sudoeste de São Paulo), diversos bairros estavam alagados e cerca de mil pessoas ficaram desabrigadas.
A Prefeitura de Itapirapuã Paulista decretou ontem estado de calamidade pública. Pelo menos 250 pessoas estavam desabrigadas. Até o final da tarde, 60 ainda permaneciam em abrigos.
Cerca de 220 casas, no centro de Itapirapuã, ficaram submersas. Quatro casas desabaram e outras cinco, na encosta dos morros, correm risco de desabar. O rio Criminosa, que banha a cidade, subiu cinco metros acima do nível.
As cidades de Itapirapuã Paulista, Ribeira, Itaóca, Itaporanga e Barra do Chapéu estão isoladas, pois a principal estrada de acesso é a SP-250, que está interditada.

Colaboraram CRISPIM ALVES e ROGÉRIO GENTILE, da Reportagem Local, e a Agência Folha

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