São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Boa palavra

JUCA KFOURI

Não é de hoje que se sabe que bagunça e corrupção os males do nosso futebol são.
A novidade está em que cada vez mais o país se dá conta disso, passo obrigatório para que, como no mundo todo, as soluções comecem a aparecer no horizonte.
O torcedor resiste passivamente, simplesmente deixando de frequentar os estádios. Nossos craques vão para o exterior, atrás da fortuna e de melhores condições de trabalho. Mas a imprensa independente começa a falar com força progressivamente maior.
Exemplo disso é a série de artigos de Matinas Suzuki Jr. nesta Folha, que abre o ano com chave de ouro. Não só pela lucidez das posições já manifestadas como, também, por virem de quem, pouco tempo faz, ameaçou deixar para lá, cansado de tanta incompetência e banditismo, quase convencido de que o pior seria o melhor, que só a falência salvaria o futebol brasileiro.
Pois Suzuki vem fazendo um preciso e precioso diagnóstico dos males que afligem o futebol tetracampeão mundial, quase sem nem sequer dar nomes aos bois, tão sabidos são tais nomes e tais bois -todos da cara preta.
A verdade é que ao iniciar meu 27º ano de profissão, só vi uma gestão, a de Giulite Coutinho no comecinho dos anos 80, trazer algum progresso à organização de nosso futebol. O resto, antes e depois dele, foi mesmo o resto.
Estou convencido, no entanto, com o otimismo que insisto em manter, que o sistema capitalista está em vias de dar a resposta necessária ao negócio do futebol no Brasil -tão grande e tão bom que não deverá virar o milênio em mãos de tão poucos, inábeis e inescrupulosas.
Pois a série de Suzuki vem se somar de forma valiosa ao esforço dos que lutam por esses novos e ansiados tempos.
Porque vale sempre repetir a velha piada da criação do mundo, quando Deus resolveu fazer do Brasil o pedaço da Terra com os melhores jogadores de futebol e, para compensar diante das reclamações gerais, com os piores dirigentes.
Agora, quando os pés mais habilidosos do planeta calçam suas chuteiras na Espanha, chegou a hora de achar os nossos Ronaldinhos de cartola, cabeças que dêem ao país uma organização digna do século que se aproxima rapidamente.
Que comecem pela leitura da série de artigos do jornalista Matinas Suzuki Jr.
Feliz 1997.

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