São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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O Ricardo continua por aí!

FERNANDO BONASSI
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

Quando o meu amigo Ricardo morreu, nossa! A gente não queria acreditar!
O cara sabia desenhar qualquer coisa e, como cabeceava de olho aberto, era o único da turma a mandar uma bola diretinho no ângulo!
Ficamos bem mal... Só que o médico pediu pra mãe do Ricardo deixar ele pegar uns órgãos pra dar pra quem precisasse.
A mãe deixou e agora o coração do Ricardo tá ajudando alguém que antes não podia nem nadar, de tanto que o coração era fraquinho.
O fígado do Ricardo foi pra uma menina que não podia nem comer chiclete, que já ficava toda amarela e corria pro hospital.
O rim, quem tá usando é um outro menino, que tinha até parado de estudar!
É porque precisava filtrar o sangue toda hora, senão ficava estragado porque as porcarias dele não saíam no xixi.
Isso sem falar naquela capinha que a gente tem nos olhos, a córnea, que foi pra uma pessoa que nunca tinha visto nada.
Quando a turma soube disso, ficou menos triste. Agora é como se o Ricardo vivesse mais um pouquinho dentro do corpo dessas pessoas aí, e eu acho isso o máximo!

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