São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997 |
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"Coração" é filme para dragão dormir
CASSIANO ELEK MACHADO
Com exceção de uma mocinha, a história tem tudo o que se imagina que um filme que misture um cavaleiro, um rei maldoso e um dragão possa ter. Além de contar com um elenco pouco convincente, encabeçado por Dennis Quaid e pelo feioso David Thewlis, "Coração de Dragão" peca pela falta de magia. Com um roteiro fraco, os produtores parecem ter apostado todas as fichas na criação do dragão. E não foram poucas fichas. A ILM (Industrial Light & Magic), empresa de efeitos especiais do "mago" George Lucas, cobrou US$ 22 milhões dos US$ 56 milhões do orçamento total do filme para produzir o monstrengo. As expressões faciais de Draco envolvem 120 mil pontos manipuláveis por computador. O bichano, de seis metros de comprimento, foi inspirado em Sean Connery, que lhe empresta a voz. Apesar de cada tomada com o dragão custar, em média, US$ 100 mil, o animal não chega aos pés de Connery. Talvez fosse mais interessante fantasiá-lo de dragão. A voz de Connery também não é especificamente um trunfo. As falas do dragão (na versão dublada, a cargo de Miguel Falabella) parecem ter passado por tantos filtros que poderiam ser de Luciano Pavarotti ou Adriana Calcanhoto. A história O filme se passa no século 10. Um rei se diverte matando seus súditos mais pobres. Em uma das "batalhas", esse rei morre, e seu filho se fere com gravidade. Para salvar o príncipe Einon, a rainha pede ajuda a Draco, um dragão camarada. O jovem cavaleiro recebe metade do coração do monstrengo, com a condição de seguir o antigo código celta, baseado na verdade, bravura e virtude. O dragão ressuscita Einon, mas o príncipe -agora rei- segue caminho oposto. O cavaleiro Bowen (Dennis Quaid), espécie de tutor do rapaz, se desespera. Promete passar o resto da vida perseguindo o dragão, cujo coração, acredita, fizera de seu amo um mentecapto. Depois de matar diversos dragões, Bowen conhece Draco, o último da espécie. Para não perder o emprego, o "funcionário público" -pago para exterminar dragões- faz um acordo com Draco. O bichano aparece em comunidades de camponeses pés-rapados, que, assustados, dão tudo que possuem para que Bowen acabe com monstro. Um finge que mata, o outro finge que morre. Lição para as crianças: corrupção. Certo dia, uma ruiva chamada Kara, cujo pai era vítima do novo rei, tira a dupla Bowen & Draco desse pacto de mediocridade. Os três organizam um exército contra o tirano, e o dragão vai à luta contra o dono de metade de seu coração. História para dragão dormir. Filme: Coração de Dragão Direção: Rob Cohen Produção: EUA, 1996 Com: Dennis Quaid, David Thewlis e Sean Connery (voz do dragão) Cinemas: Gemini 2, Aricanduva 5, Astor e circuito Texto Anterior: "O Sonho Não Acabou" é o que Tom Hanks fez Próximo Texto: Nova comédia mostra desencanto de Monicelli Índice |
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